segunda-feira, 7 de julho de 2008

HOJE PASSAM 85 ANOS DA MORTE DE GUERRA JUNQUEIRO, O POETA, ESCRITOR, O HOMEM!


Hoje passam 85 anos da sua Morte, porque não, uma pequena Homenagem da minha pessoa a este grande Homem da lingua Poruguesa!


Abílio Guerra Junqueiro nasceu a de 17 de Setembro de 1850, em Freixo de Espada à Cinta, faleceu a 7 de Julho de 1923 em Lisboa, Portugal; foi bacharel formado em direito pela Universidade de Coimbra, alto funcionário administrativo, político, deputado, jornalista, escritor e poeta. Foi o poeta mais popular da sua época e o mais típico representante da chamada "Escola Nova". Poeta panfletário, a sua poesia ajudou criar o ambiente revolucionário que conduziu à implantação da República.

Regresso ao Lar

Ai, há quantos anos que eu parti chorando

Deste meu saudoso, carinhoso lar!...

Foi há vinte?... Há trinta? Nem eu sei já quando!...

Minha velha ama, que me estás fitando,

Canta-me cantigas para me lembrar!...

Dei a Volta ao mundo, dei a volta à Vida...

Só achei enganos, decepções, pesar...

Oh! A ingénua alma tão desiludida!...

Minha velha ama, com a voz dorida,

Canta-me cantigas de me adormentar!...

Trago d'amargura o coração desfeito...

Vê que fundas mágoas no embaciado olhar!

Nunca eu saira do meu ninho estreito!...

Minha velha ama que me deste o peito,

Canta-me cantigas para me embalar!...

Pôs-me Deus outrora no frouxel do ninho

Pedrarias d'astros, gemas de luar...

Tudo me roubaram, vê, pelo caminho!...

Minha velha ama, sou um pobrezinho...

Canta-me cantigas de fazer chorar!

Como antigamente, no regaço amado,

(Venho morto, morto!...) deixa-me deitar!

Ai, o teu menino como está mudado!

Minha velha ama, como está mudado!

Canta-lhe cantigas de dormir, sonhar!...

Canta-me cantigas, manso, muito manso...

Tristes, muito tristes, como à noite o mar...

Canta-me cantigas para ver se alcanço

Que a minh'alma tenha paz, descanso,

Quando a Morte, em breve, me vier buscar!...


Guerra Junqueiro In: (Os simples -1892)

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