sexta-feira, 25 de junho de 2010

Cavaco: a pré-confusão


Pode parecer tabu a não divulgação, por parte do actual PR, Dr. Cavaco Silva, da sua decisão de se recandidatar. Contudo, só quem andar muito distraído é que poderá considerar existir esse ... tabu.

As mais recentes intervenções, com ou sem “crispações”, já não podem deixar dúvidas que a decisão, pela afirmativa, já foi tomada.

As suas, mais recentes, declarações denotam uma clara politização do discurso e deixam a evidência de que o Presidente da República, se recandidatará a um novo mandato.

É natural que até o pé lhe fuja para a chinela e extravase, inadvertidamente, as suas naturais e próprias competências, invadindo as atribuídas à governação, ao governo. Os portugueses, cidadãos eleitores, dever-mos estar atentos.

O homem alerta, e faz muito bem, para a complicada situação em que o país se encontra, mas parece esquecer as suas próprias responsabilidades na condução de politicas que contribuíram para este estado de coisas. Quem se não lembra dos tempos das vacas gordas e dos barões do PSD por si próprio denunciados, mas não combatidos, no comício do Pontal, Algarve?

quinta-feira, 24 de junho de 2010

MAGISTRADO APLICADO, EMBORA ANÓNIMO NO PROCESSO MANELA M. GUEDES CONTRA SÓCRATES…


Não sei quem é o magistrado que tem o processo de Manuela Moura Guedes contra Sócrates mas acho que está de parabéns e no meio de uma justiça tão morosa até deve ser indicado para uma condecoração da presidência. A prontidão com que este processo andou é modelar, até diria mesmo que é pasmoso, foi tão rápido que o país atreve-se a ver a acusação formada muito antes de saber as conclusões do caso Freeport. Enfim, no meio de uma justiça lenta. Aparvalhada e deplorável é bom da seja célere como todos desejamos.
A MERDA DA JUSTIÇA PORTUGUESA
O MP tem milhares de processos em que nem sequer mexe, de pouco serve um cidadão comum apresentar uma queixa a não ser para perder tempo, dinheiro e paciência, mas para dar continuidade a uma queixa de Manuela Moura Guedes já foi rápida e eficaz, o Ministério Público não perdeu tempo a pedir o levantamento da imunidade a José Sócrates.
Infelizmente o Ministério Público é uma instituição em autogestão e se estiverem em causa ataques a Sócrates até beneficia da protecção do sindicato do senhor Palma e dos jornalistas, se for necessário até vai alguém a Belém fazer queixas.
Mesmo assim faço uma pergunta ao Procurador-Geral da República: quantos processos existem no Ministério Público que deram entrada antes da queixa mediática de Manuela Moura Guedes e que ainda não foram alvo de qualquer acto ou preocupação por parte dos magistrados? Apostos que são milhares e que uma boa parte dele, alguns com mais matéria que o da jornalista, serão arquivados a "aguardar melhor prova".
Como é que este país pode confiar na justiça, temos apenas justiceiros e, mesmo assim incompetentes, como se tem visto no caso Freeport que nunca mais encerram nem sabem como acabar.
O CURIOSO
Os muitos comentadores e jornalistas que se queixavam dos processos de José Sócrates contra jornalistas estão agora calados em relação ao processo obtusa movido por Manuela Moura Guedes contra José Sócrates.
É só JUMENTOS…JERICOS…OU MELHOR BURROS COMO SE DIZ POR AQUI E O PIOR É QUE QUEREM FAZER DOS OUTROS BURROS…

quarta-feira, 23 de junho de 2010

A CAMINHO DA REPÚBLICA DOS JUÍZES PROCURADORES!...


“O País é governado por uma coligação entre alguns procuradores da República e alguns jornais. Isso é desestruturante. Há valores que foram completamente prostituídos.”

Quem o diz é Henrique Granadeiro ao Jornal de Negócios, que acrescenta: “É uma verificação. Sei muito bem como as coisas são cozinhadas.”

terça-feira, 22 de junho de 2010

A MINHA CONSIDERAÇÃO POR CAVACO BATEU NO FUNDO!...


De um Presidente da República não espero que seja “um dos nosso”, espero antes que seja “um de todos”, capaz de perceber que é na diversidade que o país encontra o seu caminho. Não é importante que tenha sido o candidato em que votei, importa sim que seja um homem de princípios e mais importante do que serem exactamente os meus sejam alguém que se oriente segundo princípios e não por interesses.
Saramago não era um do meus e eu admirava-o, Sá Carneiro não era um dos meus e merecia o meu respeito, Lucas Pires não era um dos meus e sempre teve a minha consideração, Ramalho Eanes não é um dos meus e merece que o admire, são muitos aqueles que não me convencendo a partilhar dos seus ideais conquistam a minha estima, uns ainda o conseguem, outros mereceram-na para todo o tempo em que eu cá andar.
São gente grande, capaz de ultrapassar a mesquinhice, de respeitar e ter consideração pelos adversários, de amar para além dos netinhos, de ambicionar para além da sua dimensão. É isto que se espera de uma instituição como a Presidência da República, uma instituição que os portugueses aprenderam a respeitar porque por lá passou gente grande, gente diferente mas que foi capaz de enriquecer o cargo. A Presidência da República de hoje é muito mais do que determina Constituição, é o humanismo de Jorge Sampaio, é o rigor e honestidade de Ramalho Eanes, é a grandeza de ideias e de cultura de Mário Soares, até é a entrega de Costa Gomes.
É evidente que Cavaco Silva não tem a grandeza de Soares, a generosidade de Sampaio ou a elevação de Ramalho Eanes, diria mesmo que pela sua dimensão dificilmente conseguiria enriquecer o cargo que assumiu. Mas já que dificilmente conseguiria enriquecê-lo, poderia tentar deixar como o encontrou. Infelizmente não está a conseguir.
Quando completou 70 anos fez-se fotografar com a família nos jardins como se fosse a família real dos Silvas, quando veio o Papa voltou a reunir a “família real” para receber o Papa no seu palácio e até ficou extasiado porque Bento XVI repetia o nome dos netinhos. Durante uma semana a Presidência da República foi transformada numa sacristia familiar, mas quando foi necessário enfrentar a reacção do voto gay descobriu que Portugal enfrentava uma crise e o parlamento não podia perder uma hora a discutir o casamento gay.
Mas se para receber o Papa Cavaco se transforma a Presidência da República na família dos Silvas, para homenagear um prémio Nobel o Presidente da República acha que funerais é coisa para amigos próximos, pior ainda, não foi mas mandou o chefe da Casa Civil apresentar os pesamos à família, como se a qualidade do correio enobrecesse o conteúdo da missiva. Quando deve ser o Presidente a aparecer lá aparece a família, quando acha que não deve aparecer porque é um assunto de família manda o chefe da Casa Civil.
O país pode ser pobre, viver permanentemente em crise, enfrentar sucessivos pecs e planos de austeridade, mas apesar de todas estas dificuldades sempre encontrou grandeza na instituição Presidente da República. Agora tem alguém que não se cansa de dizer que sabe muito de economia como se este país fosse uma mercearia, como se o Presidente fosse o técnico oficial de contas de Portugal. Ramalho Eanes não foi presidente por ter muita pontaria, Sampaio não o foi por saber falar inglês e Soares não foi eleito por ser culto, foram presidentes por serem homens nobres, por desprezarem a mesquinhez, por saberem respeitar e fazer-se respeitar.
Não é o caso de Cavaco Silva, pode saber muito de economia mas para Presidência da República é como se não soubesse comer com faca e garfo, não percebe que o cargo é maior do que ele próprio, não resiste à tentação de permitir à família tiques de família real, é incapaz de resistir à tentação de exercer os seus poderes para além do admissível como se viu no caso da conspiração das escutas protagonizada pelo seu braço direito.
Não espero que Sócrates ajude Cavaco a concluir o mandato com dignidade, apenas desejo que termine quanto antes e a Presidência da República retome a tradição da democracia portuguesa, que esteja lá alguém que não se deixe enredar na mesquinhice humana e saiba engrandecer o cargo.

sábado, 19 de junho de 2010

A TRISTE FIGURA QUE NOS REPRESENTA (CAVACO)



"Mesmo que a rota da minha vida me conduza a uma estrela, nem por isso fui dispensado de percorrer os caminhos. Mesmo os do mundo"

José Saramago


O romance de José Saramago Evangelho segundo Jesus Cristo foi cortado da lista dos concorrentes ao Prémio Literário Europeu, pelo Subsecretário de Estado da Cultura, Sousa Lara. Porquê? "Porque não representa Portugal".
"Esta minha atitude nada tem a ver com estratégias de venda, nem sequer com opções literárias. E muito menos com as escolhas políticas de Saramago. Não entrou em linha de conta o facto de ele ser comunista ou pertencer à Frente Nacional para a Defesa da Cultura".
Afirmações de Sousa Lara ao Público, 25 de Abril de 1992
"A obra atacou princípios que têm a ver com o património religioso dos portugueses. Longe de os unir, dividiu-os."
Sousa Lara aquando do debate sobre a Cultura na Assembleia da República, Abril de 1992. (por onde andará este caramelo?)
Cavaco era o primeiro-ministro de um governo que censurou José Saramago. O único Nobel da Literatura de língua portuguesa refugiou-se então em Lanzarote. No dia da sua morte, Cavaco publicou esta mensagem de condolências à família de José Saramago: “Escritor de projecção mundial, justamente galardoado com o Prémio Nobel da Literatura, José Saramago será sempre uma figura de referência da nossa cultura”.
Poder-se-á perguntar sobre qual deveria ter sido a atitude de Cavaco nesta emergência... Diríamos que, não fosse ele um político troca-tintas e arrogante como qualquer outro desses que campeiam por aí, à mensagem de condolências à família teria acrescentado um humilde pedido de desculpas, extensivo ao País, por não conseguir estar, nas suas funções representativas, à altura dos vultos que se destacam e engrandecem a Pátria. São os indigentes intelectuais como Lara e Cavaco que empobrecem a alma deste país... que demonstram também a indigência de um povo que escolhe personalidades destas para o representar.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

RETROCESSO CIVILIZACIONAL E ADEUS SARAMAGO!...



Na minha juventude os portugueses acabavam os estudos, iam para a tropa, faziam uma comissão na guerra colonial, por vezes eram chamados de novo já depois de terem passado à “peluda”, empregavam-se, casavam-se e quando chegavam aos trinta anos tinham um emprego estável, tinham comprado ou alugado a casa, tinham filhos e alguns tinham comprado carro, em muitos casais a mulher nem sequer trabalhava. Hoje a maioria dos jovens quando chegam aos trinta anos vivem na casa dos pais, têm um emprego precário, não têm dinheiro para comprar casa e dificilmente ganham para alugar e manter uma casa.
Como explicar que trinta anos depois, com um país mais moderno e desenvolvido os jovens vivam pior e com menos expectativas do que no final dos anos 70? A tudo isto chama-se retrocesso civilizacional, o país produz mais riqueza e os jovens vivem pior e com menos expectativas quando é suposto que o desenvolvimento se traduz em melhores condições de vida. É verdade que mudaram os hábitos culturais dos portugueses, que muitos jovens preferem a ilusão do dinheiro fácil que a precariedade por vezes proporciona, mas também é verdade que temos assistido à proletarização forçada dos mais jovens.
O que explica esta situação? A queda do muro de Berlim levou muitos a achar que não havendo medo do papão comunista podiam dispensar-se os direitos sociais, a globalização levou os nossos empresários a exigir a igualização das regras do mercado de trabalho com a das economias asiáticas, a crise financeira mais recente desencadeou mais uma vaga de propostas que apontam para a destruição da sociedade que o equilíbrio social construiu ao longo de décadas. A criação de emprego serve de chantagem para que os trabalhadores prescindam dos seus direitos.
Não são apenas os fenómenos económicos que explicam o fenómeno, o oportunismo explica muito daquilo a que assistimos. Um exemplo disso é o que se passa nalgumas profissões liberais, por exemplo, os advogados bem sucedidos nunca enriqueceram tanto e tão facilmente como agora, todavia, pagam menos a um jovem advogado do que a uma empregada doméstica, nem sequer se preocupam com o respeito da dignidade da classe. E o que se passa na advocacia passa-se na arquitectura e noutras profissões liberais.
EM nome da competitividade tudo vale, os empresários querem que os trabalhadores tenham os mesmos direitos do que os praticados na Tailândia, os governos querem que os funcionários públicos tenham as mesmas regalias do que os do sector privado, cada crise serve para a sociedade descer mais um degrau. Dantes o desenvolvimento servia para proporcionar mais bem-estar, hoje o crescimento é oferecido a troco da perda desse bem-estar.
Para salvarem as contas e não perderem eleições os políticos desdobram-se a inventar truques para retirar direitos aos trabalhadores, os empresários usam a crise para oferecerem emprego a troco de reduções de salários e de direitos laborais, os sindicatos protegem os que estão empregados e pagam quotas ao mesmo tempo que fazem de programas partidários a sua agenda sindical.
Depois de mais de um século de progresso o país e mundo ocidental assistem à maior perda de direitos e de garantias sociais desde o emergir do capitalismo. Um dia destes accionistas, investidores, políticos, sindicalistas vão acordar com uma revolução à porta e nessa altura vão arrepender-se da orgia que promoveram.

Com tudo isto, uma noticia triste… para mim e penso que para todos os portugueses e não só – a morte do homem JOSÉ SARAMAGO, do corpo, porque SARAMAGO fica para sempre estará sempre vivo.
Vamos agora aguardar pelas declarações de CAVACO…
Ele que sempre o odiou, por isso SARAMAGO ter ido viver para Espanha...
Adeus SARAMAGO!...
UM POUCO DA SUA LUTA NA VIDA.
Um dos mais respeitados intelectuais contemporâneos e ateu confesso, Saramago acusou o papa Ratzinger de cinismo e declarou: “”As insolências reacionárias da Igreja Católica precisam ser combatidas com a insolência da inteligência viva, do bom senso, da palavra responsável. Não podemos permitir que a verdade seja ofendida todos os dias por supostos representantes de Deus na Terra, os quais, na verdade, só têm interesse no poder”.
Saramago não está sozinho. Ao longo das história, inúmeros pensadores têm se levantado com veemência contra igrejas e religiões.
Ludwig Feurbach disse que a religião promove um esvaziamento no homem e é anti-humana. Nietzsche afirmou a necessidade do homem romper com a religião para atingir o vigor da vida. Bertrand Russel identificou a religião como um sistema rígido que exclui o questionamento livre e preenche mentes com hostilidades fanáticas. Sigmund Freud entendeu a religiao como neurose coletiva. E aqui, não falaremos o nome de quem disse que a religião é o ópio do povo. Afinal, como Saramago, todos já estão carecas de saber.
A Igreja é contra o uso de anticoncepcionais e preservativos. Prática condizente com sua intenção de dominar os corpos. E os prazeres. A interdição a estas práticas de saúde pública e controle de natalidade abrigam antigas concepções que negam prazer ao ato sexual ao restringi-lo a fins meramente reprodutivos. Práticas obtusas que condenam `a miséria física e espiritual. É que o sonho da igreja, já disse Saramago, “é nos transformar em eunucos”.
O medo sempre foi a mola propulsora da religião: medo da morte, do diabo, da divindade, do inferno, da solidão. Medo de uma existência sem pai. Mas o nosso tempo libera o escritor de outros medos.
Do medo de ser queimado – vivo, se estivéssemos na Idade Média. Do medo de ter seus livros incluídos no Index Librorum Prohibitorum, a lista negra de livros proibidos pela igreja, se estivéssemos em algum lugar antes de 1966. Mas Saramago não tem medo. Aos 86 anos, é um velhinho incontrolável.
Hoje, para puni-lo, impossível a fogueira. Impossível o Index Librorum Prohibitorum. Impossível a excomunhão. A igreja, coitadinha, está de mãos atadas.
Nada mais lhe resta senão condená-lo a arder eternamente no fogo escaldante do inferno. Tudo em que Saramago não acredita.
Por Lindevania Martins.

terça-feira, 15 de junho de 2010

GOSTAVA DE ENTENDER OU PERCEBER A IDEIA DE PASSOS COELHO...


«A preocupação do PSD é "encontrar mecanismos que sejam extraordinários também, adequados a esta conjuntura difícil, que permitam que aqueles que estão desempregados ou à procura do primeiro emprego tenham uma circunstância mais favorável do ponto de vista contratual para poderem ter uma situação de emprego e que as empresas, aquelas que podem oferecer trabalho, tenham também mecanismos mais flexíveis durante este período extraordinariamente difícil, de modo a dar um contributo líquido para a criação de emprego»

Alguém me explica o que Pedro Passos Coelho quer dizer com isto? Bem, parece-me que a melhor forma de dar emprego aos desempregados é facilitar o despedimento dos que estão empregados?

sexta-feira, 11 de junho de 2010

"PEDIR ÀS VÍTIMAS PARA AJUDAR OS CARRASCOS"


Quem se coloca a si próprio na pouco invejável situação de ouvir, mesmo que com bastantes “intervalos”, os discursos cometidos em cerimónias como esta do 10 de Junho, não pode depois queixar-se. É rigorosamente aquilo que se espera. Discursos soporíferos, redondos, pretensiosos, “patrioteiros”, manhosos.

Do sociólogo Barreto, o tal que diz orgulhar-se acima de tudo de ter contribuído para a destruição da Reforma Agrária, direi simplesmente que não foi com o discurso de ontem que arranjou novo motivo de orgulho. Aquilo foi uma coisa penosa! Para explicar uma coisa simples, mas que ele deve ter muito mal resolvida no cérebro já um pouco despenteado, a ideia de que os soldados que cumpriram o seu serviço militar na guerra colonial não ficaram por isso equiparados aos colonialistas nem aos “pides”, nem ao regime que os enviou para a guerra, não sendo portanto legítimo (salvo excepções) que sejam olhados de lado... para explicar esta coisa tão simples, como dizia, andou para ali às voltas, repetindo as mesmas frases vezes sem conta, enrodilhado em justificações e comparações inúteis.
Poderia, sei lá... ter-se lembrado de que os “velhos militares de Abril” foram todos (ou quase todos) “velhos combatentes” na Guerra Colonial...

Quanto à estrela da companhia, Aníbal Cavaco Silva, mesmo sem talento para ler em voz alta nem um menu de restaurante, nem lhe sendo conhecidos grandes rasgos de coragem, mesmo retórica, era de esperar que o seu apurado oportunismo o impelisse a abrir oficialmente, ali, a sua campanha eleitoral.
Enquanto a coisa se ficasse pela “patrioteirada” inconsequente, genérica e apologética dos oitocentos anos de História, do dar mundos ao mundo, do levar a Europa a todo o globo, etc., ou então, num registo mais imediatista, defender a «equidade nos sacrifícios» e a «transparente explicação dos mesmos»... Ainda se suportaria, mesmo que cabeceando; mas quando se passa para o tal discurso manhoso em que, a pretexto de uma alegada unidade nacional para vencer a crise tenta vender-se a ideia de que as (tantas vezes) profundas diferenças na luta política, não passam afinal de «querelas partidárias», ou de «quezílias ideológicas», de que é possível e aceitável promover a união de trabalhadores e patrões («pedir às vítimas para ajudar os carrascos», como horas mais tarde diria certeiramente Jerónimo de Sousa), aí o caso muda de figura.
Primeiro, pelo perigo que representa o enorme número de portugueses que, na falta de melhor conhecimento, ainda acha que assim é que devia ser... “deviam era juntar-se todos!”...
Segundo, porque este tipo de discurso, profundamente ideológico, ao contrário do que quer parecer, um discurso em que se quer substituir uma sociedade dinâmica, pensante, dialogante, comprometida, por uma espécie de “lamaçal” em que todos estariam com todos... é o paraíso dos oportunistas, aproveitadores e, no limite, dos “homens providenciais”, aqueles que põe “ordem nas coisas”.
Felizmente, mesmo quando parece que não há outros caminhos... há! E há gente para os fazer, caminhando!
Mar de Matosinhos

quarta-feira, 9 de junho de 2010

ACABAR COM A ACUMULAÇÃO DE PENSÕES?


Não sou contra a acumulação de pensões, se alguém teve dois empregos e descontou nos dois empregos é natural que receba a pensão correspondente ao somatório dos dois empregos. O que não concordo é que alguém trabalhe três ou quatro anos e receba uma reforma como se tivesse trabalhado vinte anos e ainda por cima começa a recebe-la quinze ou vinte anos antes da idade com que qualquer português se pode reformar.

Não me incomoda nada, por exemplo, que Luís Cunha receba uma pensão do Banco de Portugal, só que essa pensão deve corresponder ao tempo que trabalhou no banco central e apenas devia ser paga quando Luís Cunha atingisse o limite de idade estabelecido por lei para que qualquer trabalhador português possa reformar-se. É um absurdo que depois de trabalhar meia dúzia de anos receba uma reforma quase completa aos cinquenta anos.

Limitar as reformas ou considerá-las absurdas por serem elevadas não passa de dor de corno nacional pois quem as recebe descontou, é puro populismo ir à lista da Caixa Nacional de Aposentações e exibir os montantes das pensões mais elevadas, sem fazer qualquer referência aos montantes dos descontos realizados. Muito boa gente não teria inveja se tivesse feito os mesmos descontos.

Este tipo de medidas motivadas por populismo eleitoral não introduzem qualquer justiça na sociedade, principalmente quando as regras só se aplicam a alguns, os que venham a reformar-se ou a receber pensões. É preciso acabar com esta justiça e quando se adopta uma medida esta deve ser aplicável a todos os que estão nas mesmas condições, mesmo aos que já se reformaram antes da entrada em vigor da lei. É inconstitucional? Então que se mude a Constituição pois essa inconstitucionalidade apenas serve para impedir a correcção de uma injustiça, é para isso que serve a Constituição para que haja justiça porque todos os portugueses são iguais perante a lei.

Começa a haver uma divisão idiota dos portugueses, os que nasceram ante de e os que nasceram depois de, os primeiros vivem no país da fartura que é paga pelos segundos, que vivem no país real e da austeridade.

domingo, 6 de junho de 2010

A ESPUMA DOS DIAS


Ontem quando vinha para casa ouvi no rádio um locutor anunciar em grande frenesim que os heróis-nacionais tinham acabado de sair de um lado qualquer e se dirigiam para o aeroporto onde rumariam a terras de África para cumprir os desígnios da Nação.

Lembrei-me de imediato de outros heróis, independentemente da justiça da guerra para onde partiam, a embarcar, primeiro na Rocha de Conde d’Óbidos e depois na Portela, a caminho dos desígnios nacionais de então. Lembrei-me de que muito deles não voltaram ou retornaram em caixas, de outros que ainda hoje sofrem de mazelas físicas e morais e de que à partida, em vez de cornetas barulhentas, tinham pais, mulheres e filhos com lágrimas nos olhos e lenços brancosnas mãos.

Comparo a heroicidade de quem o fazia porque acreditava ou a isso era obrigado, em nome de uma Nação, em sacrifício de um futuro, em troca de um miserável pré e da farda militar e as fardas laricas com que estes novos heróis-milionários se enfeitam para um sucesso que se lhes deseja, mas que não lhes trará consequências em caso de falhanço.

E irrito-me por ter de ouvir a baboseira de um qualquer locutor apelar à histeria e chamar, num posto de rádio, heróis-nacionais a um bando de artistas-mercenários.
LNT

terça-feira, 1 de junho de 2010

SOARES E ALEGRE...


“ Uma opção tardia e infeliz” – considera Mário Soares ao apoio dado pelo PS a Manuel Alegre.
Soares descreve desta forma o apoio declarado pelo PS à candidatura de Manuel Alegre à Presidência da República.
No artigo de opinião publicado esta terça-feira no Diário de Notícias, o antigo chefe de estado e candidato presidencial nas últimas eleições pelo PS, sublinha que Alegre avançou sem consultar o partido, recebeu de imediato apoio do Bloco de Esquerda e, perante o silêncio do PS, "a pouco e pouco, tornou-se claro que uma parte dos seus militantes e dos seus eleitores habituais não apoiavam Alegre." Soares inclui-se neste lote: "Eu fui um deles", diz, e justifica que na base desta decisão estão "razões exclusivamente políticas."
Com a formalização do apoio neste domingo, Soares diz que "Sócrates cometeu um erro grave, que porventura mesmo lhe poderá ser fatal e ao PS."