terça-feira, 30 de outubro de 2012

A culpa será do furacão Gasparina?

Que se saiba o governo não recuou nas grandiosas reformas estruturais desenvolvidas pelo sôr Álvaro e graças às quais as exportações portuguesas cresceram tanto que há quem se refira a Portugal como o pequeno tigre europeu. O 5 de Outubro é para festejar à noite, em casa, os mortos ficarão esquecidos porque o Dia de Todos os Santos é para bulir, certamente a competitividade externa das empresas portuguesas continua em alta.




Que se saiba ainda há pouco tempo o Gaspar participava num seminário promovido pelo ministro das Finanças da Alemanha para que o nosso brilhante governante explanasse as suas políticas que conduziram o ajustamento português como modelo de sucesso e prova de que a senhora Merkel tinha razão ao impor austeridade aos países mais frágeis da zona euro.



Que se saiba a troika ainda não deixou de dizer que o ajustamento português estava a ser um sucesso e que tinha resultados muito melhores do que os esperados. Graças a estas posições da troika governo e Presidente da República têm apresentado o país como um bom aluno, um país que ao contrário da Grécia faz tudo o que a senhor Merkel manda, sem manifestações violentas ou greves gerais.



Que se saiba o Sr. Ulrich, um conhecido banqueiro que até frequentou o curso de finanças, está cansado de elogiar os grandes cortes na despesa pública conseguidos pelo Governo, o Álvaro impôs grandes cortes nas famosas rendas excessivas da energia, o Relvas reduziu as autarquias a números pensados impossíveis e ainda ia acabando com as fundações. Até o Gaspar, que anda tem que ver com estas coisas mundanas fez uma reestruturação do fisco da qual disse ter resultado um corte de 10% na despesa.



Que se saiba desde que é ministro o Gaspar não cometeu o mais pequeno erro, as medidas que adoptou não tinham alternativa e o desfasamento entre a realidade e as previsões não são culpa destas que foram produzidas pela mente mais brilhante e inteligente das faculdades de economia portuguesa, a culpa é da própria realidade que sem motivo para isso se afastou das previsões.



Que se saiba este governo é de uma competência rara, nunca o país teve um ministro da Agricultura, do Ambiente ou do Ordenamento do Território tão competente como a Cristas, um ministro dos Negócios Estrangeiros tão charmoso como o Portas, um ministro das Finanças com o sex appeal do Gaspar, ou alguém tão bem disposto na Economia como o Gaspar. Até o Passos se revelou um verdadeiro timoneiro do país, ele por quem ninguém dava um tostão furado.



Se tudo está a correr tão bem, então porque se explica que de um dia para o outro o país não vá lá sem despedimentos em massa de funcionários públicos ou o fim do Serviço Nacional de Saúde, o que aconteceu para que de repente o Gaspar tenha atirado a toalha ao chão e desistido da sua promessa de crescimento e emprego no segundo semestre de 2013, promessa que consta do OE 2013 e de que o Gaspar desistiu a caminho das jornadas parlamentares da extrema-direita.



Será que o furacão Sandy mudou de direcção e em vez de se dirigir para a costa leste dos EUA, se dirige agora para a costa portuguesa? Só poder ser isso, nesse caso teremos de mudar o nome do Furacão Sandy para Gaspar, ou talvez Gasparina pois os furacões têm sempre nomes femininos.

Jumento

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

SERÁ INCOMPETÊNCIA , LOUCURA OU MÁ FÉ?


Mesmo sendo um economista modesto, desligado da realidade social e até há pouco quase desconhecido da ribalta dos professores de economia o ministro das Finanças deverá saber o mínimo para perceber que muitas das suas decisões são erradas, que as suas previsões eram fantasiosas e que os pressupostos das suas políticas assentam em previsões claramente falsas.




Sendo assim como explicar uma política fiscal desastrosas, níveis de recessão muito acima do previsto e taxas de desemprego que se pensava serem impossíveis em Portugal? E como explicar que o ministro insista na mesma estratégia, aumentando taxas de impostos que convidam à evasão fiscal, retirando recursos da economia para os transferir para off shores após passagem pelas contas de lucros dos grandes grupos?



A incompetência quando combinada com a teimosia e com a crença de que se têm os dois olhos numa terra de cegos conduz ao fanatismo. Vítor Gaspar não reconhece os seus erros, nunca admitirá que é um economista falhado que imaginou ir além do que era capaz, o ministro das Finanças comporta-se como a senhor que foi assistir ao juramento de bandeira do filho e ficou cheia de orgulho porque o seu rebento era o único soldado que tinha o passo certo na parada.



Se Vítor Gaspar insiste nesta política suicida mesmo depois de se perceber que falhou ou está louco ou está de má fé e o desastre ocorreu porque era esse o seu objectivo. Vítor Gaspar sabe o que quer para o país, mas também sabe que em democracia as suas ideias não são viáveis, não pode reformatar um país convencido de que é um deus da economia contra um povo de iletrados ou idiotas, como o líder parlamentar do CDS.



O problema das últimas medidas de Vítor Gaspar não é do foro da política económica, qualquer economista duvida da sua eficácia e conclui que o beco sem saída em que o país está resulta mais do excesso de austeridade do que da situação financeira. Assim, sendo restam duas abordagens, a d psiquiatria e a política.

Vítor Gaspar tem uns tiques que nos levarão muitos portugueses mais letrados a dizer que tem um problema nos carretos. Poder-se-á recear que o homem está louco e tal como Hitler imaginava exércitos a salvar Berlim também Gaspar imagina investidores por todo o lado a aproveitar a descida da TSU e também poderá sentir-se um incompreendido que prefere que o país se afunde. Mas esta tese não é lógica e Vítor Gaspar poderá ser louco mas não é parvo ao ponto de caminhar para o suicídio.



Outro argumento em favor da sanidade mental de Vítor Gaspar foi a forma que soube excluir o Banco de Portugal de todas as medidas de austeridade, incluindo a descida da TSU, garantindo assim que quando deixar de ser ministro ficará isento de sofrer as medidas que ele próprio impôs ao país. Da prometida reestruturação do Estado o ministro das Finanças só promoveu a reestruturação de dois organismos, o fisco que entrou em taquicardia desde há um ano e o Banco de Portugal, onde o ministro trabalha, que graças ao novo estatuto ficou protegido e passou a ser uma espécie de off shore dentro do país. Não é por acaso que o ministro foi buscar o Rosalino para secretário de Estado da Administração Pública, o rapaz não sabe de nada mas soube elaborar o novo estatuto do Banco de Portugal de forma a que os seus funcionários públicos sejam tratados como diplomatas suíços. Enfim, mesmo que se conclua que o ministro pode ser mesmo louco, teremos de concluir como o povo, o homem pode ser louco mas não é parvo, parvos somos nós!



Não se concluindo pela loucura subsiste uma tese bem mais grave do que ser mais troikista do que a troika, a desgraça do país que tanto preocupa os portugueses poderá não preocupar tanto o ministro das Finanças e o próprio imbecil que o apoia. O ano de 2012 estragou os planos e as hipóteses de reeleição de Passos Coelho são quase nulas, a hipótese de conduzir a sua política até ao fim são cada vez mais reduzidas e sem pretende reformatar o país à margem de regras constitucionais só lhe resta conduzir o país para a desgraça invocando a situação de excepção para impor o seu projecto idiota.

Jumento

quarta-feira, 18 de julho de 2012

A solução Marcelista para o Dr. Relvas... Marques Mendes


Marcelo Rebelo de Sousa sugeriu, este domingo, os nomes de Marques Mendes  para ocupar o cargo de ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares, considerando que neste momento o Governo tem «um buraco» neste lugar. «Não há ministro da Presidência no Governo e Passos Coelho precisa de um», disse Marcelo sublinhando que o primeiro-ministro deve «encontrar um a sério».
Para ocupar as funções que Miguel Relvas desempenha no Governo, Marcelo sugeriu
Luís Marques Mendes, que foi ministro-adjunto de Cavaco Silva e ministro dos Assuntos Parlamentares de Barroso. Para Marcelo, Marques Mendes estará em vantagem por ter ocupado aqueles dois cargos governamentais, ter sido líder do PSD e «conhecer o que é a coordenação política». 
Oh Marcelo, tu és um cómico. Então dizes que o governo necessita de encontrar um ministro da Presidência "a sério" e propões o Marques Mendes.  Já agora porque não o Santana Lopes ou até o Sócrates que foi da JSD.
O que é preciso mudar não é o Relvas é o governo todo.

Uma posição à PSD


Firmino Pereira, que é vice-presidente do PSD/Porto e da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, defendeu a saída do Governo do ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, por considerar que Miguel Relvas “está a fragilizar a imagem do Governo”.
«O presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, Luís Filipe Menezes, avisou o seu vice-presidente de que as críticas feitas por este ao ministro Miguel Relvas “não se podem repetir”. “O militante Firmino Pereira é também vereador da minha Câmara e ocupa provisoriamente um lugar de vice-presidente, na substituição de Marco António Costa”, afirmou.
Segundo Menezes, de um lado tem “um vereador que durante mais de uma década foi um bom trabalhador, efectuou serviços importantes ao serviço do projecto de Gaia e ao serviço do presidente”. Do outro lado afirmou que tem alguém em quem delegou “circunstancialmente um conjunto de obrigações de representatividade” e “que não tem defendido posições públicas que são coerentes com as da maioria dos oito vereadores, dos membros da Assembleia Municipal e com as do presidente da câmara”.
“Feito este balanço, vou ter uma posição à PSD, que é uma atitude ponderada. Já avisei o vereador e vice-presidente da câmara de que por agora manterei as funções que ali ocupa, mas que daqui por diante não poderei tolerar mais que haja dissonâncias em relação às posições institucionais da câmara e do presidente, na medida em que isso é incompatível com o lugar de representação do presidente da Câmara”, anunciou. »
Luís Filipe Menezes manifestou ainda a “total confiança” no ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares e admitiu que este tipo de ataques não o surpreendem, pois “tocar em Miguel Relvas significa tocar no cerne político do Governo”.

São estes aqueles que se dizem defensores da democracia e da liberdade. Como é possível que alguém que tropedeou o lider do seu próprio partido para lhe ocupar o cargo, (e depois ser a vergonha que todos viram), vir ameaçar alguém com  demissão do cargo na Câmara se emitisse opiniões sobre o Relvas por serem diferentes das suas. Já todos tínhamos ficado a saber que o Menezes e o relvas são "amigos", (como prova o caso da nomeação da administração da Metro do Porto), mas utilizar o seu poder para calar opiniões pessoais é demais. Esse tal Firmino Pereira, se tivesse espinha já tinha apresentado o seu pedido de demissão e o Luís Filipe Menezes se vivêssemos numa verdadeira democracia já teria sido demitido pelas suas declarações. Esta gente não tem vergonha nenhuma na cara.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

SERÁ CORRUPÇÃO NO CENTRO DE FORMAAÇÃO PROFISSIONAL DE AGUEDA?


Centro de formação profissional de Águeda está desde as 9.20 da manhã com dezenas  de agentes da GNR,  do DIAP e cães da GNR.
Ninguém entra ou sai, os que estão dentro do centro não saem, a GNR toma conta da portaria.
será mais um caso grave ou não?

quarta-feira, 27 de junho de 2012

EU E OS MEUS BOTÕES


Tristes dos vermes, nunca vão saber como é bom gostar de gente e não podem deixar de viver com eles próprios. Carregam-se, os desgraçados. É feita justiça.
Ana M. Pires

sábado, 2 de junho de 2012

Marqueiro venceu internas do PS com 76,5% dos votos

Rui Marqueiro venceu as eleições para a Comissão Política Concelhia da Mealhada do Partido Socialista, que se realizaram na sexta-feira, 1 de junho, o antigo presidente da Câmara da Mealhada e líder dos socialistas desde 2009, triunfou sobre António Jorge Franco, tendo sido, assim, eleito para o quarto mandato consecutivo.


In JM
Parabéns Dr. Rui, que consiga promover a diferença neste seu ultimo mandato e que seja o inicio de uma nova era como candidato à Câmara da Mealhada.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

POBREZINHOS MAS HONRADOS

Ontem, na cimeira informal de líderes da União Europeia, voltámos a ver Pedro Passos Coelho ao lado de Angela Merkel na recusa do mecanismo de eurobonds que não apenas aliviaria drasticamente o peso dos juros da dívida nas contas públicas portuguesas, como ainda proporcionaria maior competitividade a um tecido empresarial português com acesso a crédito mais barato. E há uma grande diferença entre os dois. Angela Merkel é alemã, Passos Coelho é português. Estará convencido do contrário.
O estado alemão é o que menos paga em juros na Zona Euro: 1,5% por dívida a 10 anos. A taxa recuou a semana passada para um novo mínimo histórico. Ainda ontem, a Alemanha vendeu obrigações a 2 anos com um juro próximo de 0%, 0,07%. Leu bem. A média do custo de financiamento dos últimos dois anos é de 2,48%, muito menos do que o país historicamente alguma vez pagou. E já adivinhou de onde são as três empresas que menos pagam pelo financiamento entre as 600 maiores cotadas europeias. Da Alemanha, claro.
De facto, o negócio da austeridade tem-se revelado bastante lucrativo para a Alemanha. Financia-se a uma média de 1,5% e “ajuda” os países da periferia em dificuldades a cerca de 5%, ou seja, obtendo uma margem de aproximadamente 3,5%. Isto já para não falar dos lucros que o sector financeiro alemão consegue amealhar obtendo liquidez junto do BCE a 1% e depois utilizando-a na compra de dívida dos países da periferia a juros 5, 10, 30 vezes esses 1%. Por exemplo, as OT a 2 anos do país de origem de Passos Coelho ultrapassaram hoje os 14,6% no mercado secundário. “Tudo perfeitamente normal”, como diria aquele seleccionador nacional de futebol que não ganhava uma. Artur Jorge, lembram-se?
Quem diria que, vários anos depois, teríamos um Primeiro-Ministro a funcionar no mesmo registo “tudo perfeitamente normal”. Passos Coelho: Números da execução orçamental "não nos surpreenderam". Referia-se à aceleração da deterioração das nossas contas públicas que continuou a verificar-se entre Março e Abril. A receita continuou a cair, apesar do aumento brutal da carga fiscal. A despesa continuou a aumentar, apesar do roubo de subsídios de férias e de Natal a funcionários públicos e apesar dos cortes brutais nos sectores da Saúde e Educação, principalmente nestes.
Mas desenganem-se aqueles que apressadamente concluem que tudo isto é mera estupidez natural. Não existe estupidez natural quando há quem esteja a ganhar rios de dinheiro. Não é só na Alemanha que a crise está a fazer milionários. Não é à toa que há uma auditoria à dívida portuguesa que PSD, PS e CDS recusam como recusam. O Estado gastou 323,8 milhões de euros com as parcerias público-privadas (PPP) entre Janeiro e Março, valor que compara com os 251,3 milhões despendidos pelos cofres públicos no primeiro trimestre de 2011 e que traduz um acréscimo de 28,8%. Mudou o Governo, mas apenas isso. As clientelas são as mesmas.
Quanto aos cerca de 1,2 mil milhões de euros em juros que pesam na execução ontem divulgada, que poderiam reduzir-se para apenas cerca de 250 milhões com a aprovação do mecanismo de eurobonds que Pedro Passos Coelho não quer, traduzem tanto a recapitalização de um sector financeiro na ressaca de duas décadas de desvarios que, se tornados públicos, forçariam a sua nacionalização, como ainda, e sobretudo, a ausência de sondagens que traduzam uma pressão política capaz de convencer Passos Coelho de que é português e não alemão. Os portugueses compreendem. Compreendem sempre. Pobrezinhos mas honrados. Repete-se, são elogiados por essa Europa fora. "Os portugueses pagam", diz-se "lá fora". Trocam elogios pela dignidade do seu presente e pelo direito a um futuro. 
País do Burro

terça-feira, 24 de abril de 2012

Síndrome da incompletude




Há pessoas como casas inacabadas


Promessas fracassadas de grandeza


Aquém do zénite da sua beleza


A esquelética estrutura condenadas.


Vemos amiúde tais testemunhas silenciosas


Cheias de discrição e firmemente ociosas


Que antes de digna existência


Já estão decrepitas e em demência.






Não chegam a ser náufragos


Falta-lhes viagem, solenidade inaugural,


Comité festivo e respectivo ritual.


Abortos quixotescos


Testemunhos de imperfeição


Com trémula majestade


Mas repletos de desilusão.






Sem veludo, cetim ou lantejoula


Construções lacunares, ásperas e nuas


Parecem murmurar por esmola.


Assombrações com corpos corroídos


De palavras mudas e desejos traídos.


Titãs de potencial asfixiado


Falam como quem pede desculpa,


Por estarem à míngua do projectado.

Anjo Canhoto

A AVALANCHE


O FMI  prevê que Portugal sofrerá, até 2016, uma avalancha de investimento estrangeiro. O governo já tinha dito o mesmo, mas aos nossos governantes sempre dou um desconto por confundirem a venda ao desbarato do nosso património com investimento. São néscios e aldrabões, não nos devemos admirar que misturem a realidade com a fantasia. 
Agora, quando vejo  o FMI  dizer o mesmo, então já fico com “a pulga atrás da orelha”. Vai daí, dei 1,10€ pelo JN para ler a notícia - que tinha chamada de capa.
Na página 48 confirmei as minhas suspeitas. O FMI diz, na verdade, o mesmo que os nossos governantes mas  acrescenta ( pormenor importante que o nosso governo escamoteia…)  “os ganhos da economia serão quase nulos!”.
Ou seja,  quando  este governo der à sola depois de vender todas as nossas empresas lucrativas a capital estrangeiro, terá cumprido a sua promessa eleitoral de deixar o país mais pobre e sem quaisquer hipóteses de recuperação porque,  como também diz o FMI “ (do investimento estrangeiro) pouco ficará em termos líquidos na economia, já que os investidores vão extrair rendas e lucros, repatriando os ganhos para os seus países de origem”. Ainda de acordo com o FMI, a partir de 2017 haverá “ um agravamento das necessidades de financiamento”. Como iremos pagá-lo, é que o FMI nada diz.
Resumindo: este governo delapida o país em quatro anos, os seus membros  ganharão o reconhecimento dos investidores e, muito provavelmente, serão contemplados  com cargos nas empresas que venderam ao desbarato, ou em algumas das suas subsidiárias, para não dar tanto nas vistas.  Os portugueses ficarão soterrados nos escombros desta avalanche de investimento, à espera que as brigadas de socorro venham em sua salvação. 
Sabendo o que nos reserva o futuro, Cavaco faz agora coro com o governo, dizendo que vamos sair da crise mais rapidamente do que era esperado. Estamos entregues aos bichos!
Carlos Barbosa

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Paula e a síndrome de Estocolmo

Ministra da Justiça admite que corte de subsídios perdure após 2015…

 Afinal não se tratou de um lapso mas de um relapso vício de mentir aos portugueses. A intolerável chicana política tecida pelo actual Governo à volta dos cortes de subsídios mostra a ligeireza e a indignidade do exercício do poder e como é possível fazer política com honestidade e sobranceria. Não é indiferente para os portugueses e portuguesas ter de 'suportar' um corte temporário de subsídios (uma importante redução de rendimentos) ou ser vítima de um brutal confisco. Como também não será indiferente esta enviesada e propositada “confusão” para os partidos políticos e comportamento cívico dos cidadãos. O anúncio da Sr.ª Ministra de que os cortes de subsídios podem perdurar após 2015 significa, pura e simplesmente, o falhanço das actuais “soluções” austeritárias. Claro que esse facto terá consequências políticas. Uma delas será que a actual coligação (após 2015) terá de passar pelo crivo de eleições legislativas (por coincidência em 2015, se não forem antes). Portanto, a advertência de Paula Teixeira Pinto, além de extemporânea e politicamente suicidária, mostra uma outra perversidade. A ilusão dos actuais governantes de que à custa de malabarismos e da exploração do medo podem eternizar-se no Poder. A sociedade portuguesa não se deixará devorar (capturar) pela Síndrome de Estocolmo. Punirá os sequestradores da democracia. Afastará os carrascos que teimam em cercear as suas legítimas aspirações.
 Ponte Europa

ARGENTINA

Em dia histórico de nacionalização da YPF, a única companhia de exploração petrolífera privatizada da América Latina, vale a pena lembrar o processo de privatização. Não há duas sem três. E esta é terceira vez que aqui publico o documentário argentino "Memória de um Saque". Chamo a atenção para a parte a partir do minuto 59:00, onde o caso da YPF é tratado em concreto. O documentário é todo obrigatório, dados os paralelismos com a situação portuguesa nos dias que correm.


Fernando Solanas, realizador do documentário, foi baleado depois de ter denunciado publicamente o processo de privatização. Nuno Teles

quarta-feira, 18 de abril de 2012

PAULA TEIXEIRA DA CRUZ


É uma pena que a ministra ande tão empenhada no enriquecimento ilícito e não disponibilize os meios financeiros para que os submarinos sejam investigados. Algo está muito podre quando um governo pode "gerir" o que o MP pode investigar através da asfixia financeira.

«O procurador-geral da República (PGR) justificou esta terça-feira o atraso na investigação do caso da compra de dois submarinos à Alemanha com a falta de dinheiro para a realização de perícias.

"É muito difícil quando mete perícias. São caríssimas e temos estado à espera que o Ministério da Justiça disponibilize a verba", disse Pinto Monteiro, a propósito do inquérito sobre a compra de submarinos que está a ser investigado há anos pelo Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP).» [CM]

domingo, 15 de abril de 2012

OLHÓS MEUS CHOURIÇOS, ASSUNÇÃO!


Pedro Passos Coelho precisava de angariar mais receitas, mas tinha esgotado a imaginação e não conseguia encontrar uma ideia para lançar um novo imposto. Telefonou a Paulo Portas a pedir ajuda. O ministro fantasma prometeu tratar do assunto. Reuniu-se com Pedro Mota Soares e pediu-lhe que criasse mais um imposto disfarçado, reduzindo mais umas regalias, a pretexto de evitar as fraudes.
- Porque é que hei-de ser sempre eu, Paulo? – choramingou o ministro da Vespa que num passe de mágica se transformou num Audi.
- Está bem vou telefonar à Cristas- condescendeu Portas
“Ó Cristas, inventa lá no teu ministério um imposto que não pareça imposto e dê ares de ser uma boa ideia!”
- Ok, Paulo, tu mandas. Dá-me só uma horinha que eu já arranjo uma solução.

Uma hora depois ....

-Está lá, Paulo? Já descobri. Vou criar uma taxa sobre os alimentos!
-Tu estás louca Assunção ! Com os portugueses a passar fome e vens-me com a ideia de aumentar o preço dos alimentos? Deves querer correr comigo do governo. Isso não se faz, olha que fui eu que te arranjei esse ministério de luxo.
- De luxo? Deves estar a gozar comigo, Paulo. Sabes lá o que eu tenho passado por aí! Até já tive de andar a espremer as tetas das vacas, imagina!
- Eu vi na televisão. Não tens lá muito jeito, mas um dia destes a gente encontra-se e eu ensino-te umas técnicas que aprendi nas feiras, para ultrapassar momentos delicados. Bem, mas vamos lá ao que interessa. Eu não quero...
- Calma, Paulo, calma...Não te preocupes! As pessoas não vão perceber. Vou anunciar uma taxa sobre os comerciantes, dizendo que é para garantir a saúde e segurança dos alimentos e toda a gente vai achar bem. Se eles resolverem fazer incidir essa taxa sobre os consumidores, a culpa não é nossa, estás a ver?
- Bem visto, sãozita, bem visto. Eu sabia que tinha feito uma boa escolha quando te nomeei.Olha, mas faz-me um favor. Põe aí uma excepção na lei. Os estabelecimentos com menos de 400 m2 não pagam taxa.
- Porquê, Paulo?
- Eh, pá, é que o merceeiro lá do meu bairro, o sr.Casimiro, todos os meses me oferece uns chouriços e eu tenho receio que essa taxa o ponha mal disposto. E sabes bem como eu gosto de chouriços, não sabes?
- Pronto, está combinado, Paulinho. Fica tranquilo que não te vou tirar esse prazer dos chouriços.
CBO

terça-feira, 3 de abril de 2012

OS PORTUGAS SÃO TODOS VIGAROS E MALANDROS...É QUE DIZ ESTE GOVERNO!...


Quem tiver mais de 25 mil euros no banco vai deixar de poder aceder ao Rendimento Social de Inserção (RSI). Quem estiver preso preventivamente ou possuir casa, carro ou aeronave até ao mesmo valor também fica de fora. As novas regras de acesso ao RSI, que integram o amplo pacote de revisão das regras das prestações sociais apresentado ontem pelo Governo em sede de concertação social, serão inócuas em termos de efeitos práticos, mas, objectivamente, perseguem um objectivo claro: tentar denegrir e estigmatizar os beneficiários daquele apoio, que aparecem na lei como ricos donos de aviões e criminosos em potência, para depois capitalizar em aceitação a estigmatização assim gerada.
A mesma estratégia foi utilizada para a redução dos subsídios de doença, diminuídos na rentabilização da ideia de subsidiação da preguiça e de combate a uma fraude generalizada por comprovar que, a existir, se combateria com mais fiscalização e não cortando a já anteriormente parca protecção em situações de vulnerabilidade acrescida. Nesta redução da protecção na doença, destaca-se o preceito que acautela eventuais situações em que uma pessoa com baixa médica possa receber um valor superior àquele que receberia caso estivesse a trabalhar, o que, por ser impossível, nunca acontecia.
Evidentemente, o Estado não vai poupar um cêntimo com esta medida, mas, tal como nas demais do mesmo género, A ideia de que tal é possível, que fica no ar, serve na perfeição o objectivo de maximizar a aceitação da perda de direitos incluídas nas restantes, que afectam toda a gente, e a minimização das reacções da tacanhez que nela se deixa enredar. Como em episódios anteriores da nossa regressão social, os fantasmas são fabricados para servir a demagogia dos ladrões de direitos. Puseram outra vez a inveja a trabalhar para eles. E lá sairemos todos a perder outra vez enquanto sociedade.
Um país de burros!...

quinta-feira, 22 de março de 2012

OS INSUBSTITUÍVEIS



António Borges é assim uma espécie de super-homem. Tudo consegue fazer e tudo lhe é permitido. Só existem duas diferenças que não o identificam com a personagem de ficção: a primeira é que não é ficção coisa nenhuma. A segunda é que as remunerações que aufere deixam o jornalista Clark fora de comparações. O verdadeiro super-homem é mesmo o dr. Borges. Valente.

TD

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

ISTO DEVAGAR VAI LÁ



Frau Merkel, que se devia ter abstido de contar contas que não são do seu rosário, acaba por não dizer nada de nada, porque só lhe mostraram o final do desfile de um samba de enredo, cujo refrão é a promiscuidade partido-governo regional-empresas, cantado e dançado por meia dúzia de famílias que se deram bastante bem com os fundos estruturais e com a ausência de incompatibilidades no Governo e no Parlamento regional.

E depois há o atraso e o subdesenvolvimento e a ausência de infra-estruturas, tudo recuperado nestes 30 e tal anos. Está bem, nós vamos fazer de conta que não conhecíamos Portugal continental nestes também 30 e tal anos, e fazer de conta que não sabemos quais foram as prioridades por detrás do milagre jardinista da "recuperação". Basta recordar aliás quando, há coisa de um mês se acabou o dinheiro, a quem Alberto João Jardim pagou – às empresas municipais e aos empreiteiros das obras do regime, e quem é que deixou para segundo plano – a comparticipação dos medicamentos à população. Prioridades.

Delicioso é ver Alberto João Jardim perguntar por que cargas de água a senhora lá no fim do mundo foi puxar como exemplo uma ilha perdida nos cus de Judas, como se não soubesse, como se não soubéssemos todos, e como se todos não soubéssemos que ele sabe quem foi a mosca que zumbiu um segredo na orelha da senhora uber alles.

O destino está[va] traçado nas estrelas, e os cavaquistas já só são anónimos. Isto devagar vai lá.

José Simões

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

CARNAVAL DA MEALHADA 2012

O programa deste ano daquele que já foi considerado o Carnaval “mais brasileiro de Portugal”, no sambódromo Luís Marques, aponta para a participação de cerca de 1.500 figurantes, entre dançarinos de quatro escolas de samba, grupos de sátira, dança, animação, saltimbancos, gigantones, fanfarra e mascarados.

Os festejos começam na sexta-feira, dia 17 de Fevereiro, com a abertura da “Tenda Gigante”, a partir das 22h00 e culminam na terça-feira, dia 21 de Fevereiro, à meia-noite, com o anúncio dos resultados do concurso de Escolas de Samba. De resto, a animação nocturna será constante no decorrer do evento.

Como vem acontecendo, desde 1978, o Carnaval da Mealhada irá apresentar como “rei” um artista brasileiro, desta vez o actor Anderson Di Rizzi que interpreta o papel de sargento Xavier na novela “Morde e Assopra”. A “rainha”, essa, é bem portuguesa! Desta feita, a cantora popular Micaela foi a eleita para fazer a apresentação das escolas de samba.

Os desfiles, propriamente ditos, realizam-se nos dias 19 e 21 de Fevereiro, durante três horas, com a participação de seis carros alegóricos. Este ano a animação nocturna é na Tenda Gigante (de 17 a 21 de Fevereiro).

Os festejos do Carnaval Luso-Brasileiro da Bairrada tiveram início em 1971 e, desde então, conheceram um sucesso inigualável que não se confinou às gentes bairradinas de tradições carnavalescas.

Actualmente, o Carnaval da Mealhada é um acontecimento com projecção nacional, estando também ligado ao Brasil, especialmente através das personagens das telenovelas de cujos elencos tem saído o Rei do Carnaval. Hoje em dia, o evento está enraizado na alma dos bairradinos e tornou-se uma das maiores festividades da região Centro.

Temas do Carnaval da Mealhada

Escola Sócios da Mangueira irá prestar um tributo a Mickael Jackson – o rei da pop.
Escola Batuque fará uma “Viagem pelos caminhos de Portugal”.
Escola Samba no Pé escolheu como tema para este corso “Bens essenciais à vida”.
Escola Amigos da Tijuca vão trazer para a rua o tema “Surpresa”.

Contudo, para além dos carros das Escolas de Samba, o corso incluirá seis carros alegóricos, carro dos reis e o carro do grupo Papagatos, saltimbancos, mimos, fanfarra e gigantones.

À semelhança de anteriores edições, não vão faltar os grupos de crítica e de sátira social: os Divertidos, o grupo de dança Populum; o grupo de animação Big Borga e os Papagatos, num total de mais de 1500 figurantes prometem tardes de grande folia e animação.

Os desfiles começam nos dois dias às 15h, no sambódromo Luís Marques e os bilhetes estarão à venda nas várias bilheteiras colocadas ao longo do recinto.

Preço do bilhete a 5 euros

Esqueçam o Passos coelho e gozem, nem que seja com ele, porque não é por ele tirar a tolerância de ponto que não vamos brincar com esta vida madrasta...

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

"Mentira, demagogia e irresponsabilidade" são os métodos dos políticos, diz Marinho Pinto


O bastonário realçou a “mentira, a demagogia e a irresponsabilidade” como métodos de “actuação política”, acusando a classe política de não honrar os “compromissos eleitorais”. Marinho Pinto alertou para a actual situação social, referindo que “o povo português está no limite das suas capacidades e começa a dar sinais preocupantes de não suportar mais sacrifícios” e tecendo duras críticas ao Governo que, diz, não se preocupa.

Num discurso em que os elogios foram apenas para o Tribunal Constitucional na sua luta pela defesa da Constituição e ao Procurador-Geral da República, que está de saída do cargo e, segundo o bastonário, “honrou a magistratura portuguesa e dignificou a justiça e os tribunais”, Marinho Pinto centrou o seu alvo no Governo.

O bastonário declarou que há “sectores e entidades que se isentaram dos sacrifícios” e criticou os sacrifícios pedidos aos funcionários públicos, dizendo que “não se compreende” por que é que são mais penalizados do que os outros sectores. Sobretudo, disse, “não se compreende por que é que dentro da função pública há de haver sectores que ficam isentos de algumas medidas de austeridade e outros não”. O caso do Banco de Portugal (BdP), cujos funcionários continuam a usufruir dos subsídios, foi referido pelo bastonário, que criticou as diferenças entre os magistrados e os quadros do BdP, tendo também criticado a política de privatizações seguida pelo Governo.

As nomeações para cargos públicos também não foram esquecidas por Marinho Pinto, que declarou que “as gigantescas remunerações que gestores transformados em políticos e políticos transformados em gestores se atribuem uns aos outros em lugares e cargos para que se nomeiam uns aos outros constituem uma inominável agressão moral” aos portugueses.

Quanto à área da justiça, Marinho Pinto denunciou uma “política errática marcada pelo populismo” e uma incapacidade de resolução dos problemas, criticou o “processo de desjudicialização” que prevê a deslocação da justiça dos tribunais para outras instâncias e para entidades “privadas cujo escopo é o lucro”. As privatizações na área da justiça receberam duras críticas do bastonário, que fala numa “justiça semi-clandestina que são os tribunais arbitrais em que as partes escolhem e pagam aos pseudo-juízes”. Marinho Pinto sublinhou ainda o encerramento de cerca de 50 tribunais, antecipando as “dificuldades” acrescidas no acesso à justiça de pessoas que terão de percorrer “centenas de quilómetros para se deslocarem a um tribunal”.

“É preciso proclamar bem alto que a justiça não é um bem de mercado e não pode ser gerida segundo as leis da oferta e da procura”, afirmou.

Quanto às alterações previstas para o processo penal, Marinho Pinto avisou que “vai aumentar ainda mais o caos nos nossos tribunais” e denunciou a existência de “uma justiça para ricos e outra para pobres”.
Rita Araújo

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

FAZER POLÍTICA


O tédio imenso de títulos repetitivos, alarmados e alarmantes, sem que se discuta qualquer coisa de essencial.

O Presidente da República deveria receber a remuneração correspondente ao cargo para o qual foi eleito - de Presidente da República. Não concorda com o salário? Então não deveria ter concorrido. O mesmo se aplica à Presidente da Assembleia da República, só para citar dois exemplos.

O ordenado do Presidente da Republica é, como o da Presidente da Assembleia da República, para continuar a citar os mesmos exemplos, vergonhosamente diminuto. Ambos são os mais altos representantes do Estado, deveriam ter remunerações condicentes com a responsabilidade e com o significado dos cargos.

Não me importo que reduzam feriados nacionais. Não me parece imprescindível, mas também não vejo que seja um erro crasso. O que penso ser inacreditável é o fato de se reduzirem feriados católicos e civis. A que propósito é que há feriados católicos? E porque não muçulmanos ou adventistas, budistas ou hindus? Os feriados nacionais de um estado laico deveriam ser apenas os que se relacionam com acontecimentos que tenham significado para o país por motivos históricos, científicos, humanitários, culturais. Os dias santos, fosse para que religião fosse, deveriam ser santos apenas para quem professa essa religião. Por outras palavras, quem quisesse comemorar a Assunção da Virgem tirava um dia de férias. É claro que há dias que já se tornaram património de todos e que fazem parte da cultura ocidental. Mas são poucos, mesmo muito poucos - só me lembro do dia de Natal e do domingo de Páscoa. Acabar com feriados em compita com a Igreja é mais uma cedência à total separação entre o Estado e a Igreja.

Gostava muito de ver os partidos a discutirem o prestígio das funções públicas dos representantes eleitos, a oporem-se ferozmente ao controlo da informação por fações políticas ou por grandes interesses económicos, a defenderem o Estado livre de pressões e preconceitos religiosos e morais. Gostava que os partidos políticos fizessem política.

Sofia Santos

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

SENHOR PRESIDENTE, DEMITA-SE E PARTA COM DIGNIDADE




Cavaco Silva terminou mais um ano na Presidência da República o que significa que ainda terá de se arrastar num cargo para o qual não tem nem dimensão política, nem humana para desempenhar. Para que os portugueses não se esquecessem da sua efeméride decidiu fazer uma lamúria que diz muito do ser humano que é.
Quando o país enfrenta uma crise financeira que o asfixia e se esperava um Presidente da República capaz de representar os sentimentos de um país, temos um velhote egoísta em Belém. Quando centenas milhões de portugueses vivem com menos de quinhentos euros o Presidente da República apela à solidariedade porque os sus mais de dez mil euros não dão para as despesas.
Cavaco Silva foi o pior Presidente da República que Portugal teve mas não apenas pelo seu mau desempenho a todos os níveis, mas porque é um homem egoísta para quem o eu está acima do país e de todos os portugueses. Não é a primeira vez que Cavaco aborda o país na perspectiva dos seus próprios interesses, nele o “eu” está sempre presente no discurso.
Há quem questione a lucidez de Cavaco, há os que duvidam do seu estado de saúde desde que no famoso de bate com Mário Soares teve de agarrar uma mão com a outra para que não tremesse. É evidente que o discurso oral de Cavaco Silva apresenta momentos que parecem ser de falta de lucidez, há uma diferença abissal entre o Cavaco que lê discursos preparados ou que responde às perguntas combinadas entre assessores e jornalistas e o Cavaco espontâneo que responde a perguntas inesperadas. Dantes engasgava-se com o bolo-rei, agora deixa o país quase envergonhado com o presidente que tem.
Cavaco nunca deveria ter sido eleito Presidente da República depois do negócio com as acções do BPN, durante o primeiro mandato deu provas suficientes de que não estava à altura das exigências do cargo e deveria ter-se demitido com o escândalo das escutas a Belém. Agora além de perder a credibilidade parece ter perdido uma boa parte da lucidez.
Não seria mais digno Cavaco apresentar a sua demissão do que arrastar-se durante mais quatro penosos anos? Poupe o paíos a baboseiras e ao espectáculo triste de ver um Presidente apupado e gozado por tanta gente.
Jumento

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

POESIA DA PODA

Este governo produz admiráveis contributos para a língua portuguesa, digna do newspeak de Orwell. Atente-se nas afirmações poéticas do ministro José Pedro Aguiar Branco, hoje (nos noticiários da Antena 1): "A execução orçamental é um desafio de dimensão nacional, e para o qual cada um de nós é convocado seja em que função que esteja a desenvolver a sua atividade; eu acho que é altura de nós mudarmos o léxico e não falarmos de cortes mas falarmos, sim, de sustentabilidade. Portugal tinha um problema de sustentabilidade. Todos nós somos um galho na árvore que nos conduz à vitória, e cada galho é absolutamente fundamental, desde o mais pequenino ao maior".

Daqui se depreende que:

1. Cada português soma, aos seus deveres de cidadão, mais um: o de executar o orçamento de Vítor Gaspar. Mas não é obrigado, é "convocado".

2. Não há cortes, há sustentabilidade; "cortes" é feio, frio, pouco poético, mudemos o léxico, fica o problema resolvido. Deduzo que não é possível "sustentar" a educação, a saúde, a solidariedade social, a investigação científica; sustente-se, sustente-se.

3. Portugal é uma árvore rumo à vitória. Bela metáfora vegetal. Poder-se-ia sugerir, em alternativa, que "flutua como uma bigorna" ou que "voa como um molho de bróculos".

4. Cada um de nós, para rematar, é um galho dessa árvore em movimento, eppur si muove (talvez levada por uma enxurrada, não?). Todos são necessários, desde o minúsculo raminho ao grosso tronco, para cumprir o objetivo enunciado no ponto 1. Uma grande árvore a caminho da vitória (ou seja, da poda "sustentada"), onde os galhos são convocados para executarem um orçamento. Mas que lindo. Sai um Nobel da Literatura para a mesa dois. Mas que poda.

Paulo Pinto

INCOMPETÊNCIA COLOSSAL


O DN divulgou hoje um documento que põe em cheque a suposta competência técnica de Vítor Gaspar. Nesse documento, que não era suposto ser público, Gaspar anuncia aos seus colegas de governo que o défice de 2012 afinal vai ser de 5.4% do PIB, e não 4.5%, como estava previsto. Ou seja, estamos perante um 'buraco' antes mesmo do OE2012 sair da Assembleia da República e ser promulgado pelo Presidente das República. Este 'buraco' deve-se à operação da transferência do fundo de pensões da banca. Vejamos porquê:

  • Gaspar 'esqueceu-se' de registar no OE 478 milhões de euros de pensões dos bancários que a Segurança Social vai ter de pagar em 2012 (e daí para a frente);
  • Gaspar contava usar parte dos 6 mil milhões de euros para pagar dívidas em 2011. Como a Troika não autorizou essa operação, Gaspar acabou por ficar com receita em excesso em 2011, o que permite um défice de 2011 em torno dos 4% do PIB, e despesa a mais em 2012, o que agrava o défice de 2012.

O défice de 2012 só não é superior a 5.4% do PIB porque Gaspar vai recorrer a concessões e vendas de património. Gaspar disse várias vezes que não iria recorrer a receitas extraordinárias, porque isso era coisa do passado. Mais: essas receitas constavam do OE2011, e a sua não concretização foi um dos elementos que, ao reduzir (deliberadamente) a receita prevista, permitiu alimentar a tese do desvio colossal. Gaspar diz que esta trapalhada cria dificuldades comunicacionais ao governo. Concordo: não é fácil spinar uma incompetência colossal e um conjunto de malabarices deste calibre.

João Galamba