segunda-feira, 7 de setembro de 2009

A TEORIA DA SUSPEIÇÃO... LEIAM UMBERTO ECO




Nestes momentos sinto a existência de um governo sombra, de um conjunto de forças que são invisíveis aos olhos do português comum, mas que determinam as intenções de voto e comandam a orientação política do país. Falo em conjunto porque desconheço se trata apenas da comunicação social e dos seus patrões ou dos grandes grupos empresariais sediados em Portugal, ou das organizações não-governamentais, da maçonaria, do conclave de bildeberg, aquele clube (des) conhecido que reúne pós lados de Cascais e lança militantes anónimos no estrelato da política activa... trata-se da percepção de que um grupo restrito de cidadãos portugueses conseguem um espectro de influência mais amplo e prolongado do que o do primeiro-ministro. Soa a teoria da conspiração, mas para mim é mais fácil de acreditar. Simpatizo com o Partido Socialista por acreditar que se trata da instituição com maior capacidade de afastar as desigualdades sociais existentes em Portugal, nivelando a qualidade de vida de todos os cidadãos pela fasquia mais alta, estudando e apresentando soluções políticas e económicas que confiram a igualdade de oportunidades a fim de gerar uma sociedade mais justa, mais livre e mais aceitadora, mais capaz de processar e resolver problemas individuais impedindo a formalização de problemas de um todo; uma sociedade de futuro. E simpatizo com convicção.No entanto, por vezes atiram-me à cara que me enganei por ser simpatizante, pois os altos dirigentes do Partido aparecem, quase sempre em períodos pré-eleitorais, associados a escândalos maciços de corrupção ou pedofilia ou de tráfico de armas. É então mais fácil para mim acreditar que existe muita história mal contada, e muita verdade que ao povo português é propositadamente ocultada sobre o que está verdadeiramente em causa em vésperas de eleições. Parece que não é a verdade que mais ordena.
É lembramo-nos da carta anónima do militante do CDS-PP, em 2005, contra Sócrates, outra, acerca da liberdade de informação, não terá sido tudo outra armadilha bem montada para esta campanha eleitoral das eleições de 27 de Setembro, de alguns ditos sérios, que logo na primeira hora já tinham palanque montado e discurso feito para a situação? E mais, foi logo o senhor que no último governo PSD - CSD-PP, era ministro da Justiça (Aguiar Branco) e, expulsou da mesma estação televisiva o Pr. Marcelo Rebelo de Sousa e, lembrem-se de Pacheco Pereira o mais liberal do PSD que no ano da graça de 1993, José Pacheco Pereira era vice-presidente da bancada parlamentar do PSD. Cavaco Silva ia no seu terceiro mandato como Primeiro-Ministro, e a contestação era grande em muitos sectores sociais: dos "secos e molhados" (famosa manifestação que colocou polícias contra polícias), aos inarráveis episódios na educação, onde a Prova Geral de Acesso, as provas globais do 10º ano introduzidos dois meses antes do fim do ano lectivo, e o pagamento de propinas no ensino superior provocavam manifestações atrás de manifestações. Que geralmente terminavam com cargas policiais sobre estudantes, como tristemente veio a suceder na própria escadaria da Assembleia da República!
Então Pacheco Pereira zeloso como sempre do mito do cavaquismo, decidiu mudar as regras de circulação dos jornalistas no Parlamento para os impedir de recolherem imagens e declarações. O homem que veio da extrema-esquerda limitou efectivamente a liberdade de circulação nos corredores parlamentares. Era uma maçada incomodar os deputados e ministros da maioria. E uma maçada maior ter as declarações das oposições no prime time televisivo.
Mais, o que Aníbal Cavaco Silva quis dizer foi "que espera que a liberdade de expressão não tenha sido posta em causa no caso do cancelamento do Jornal Nacional de Sexta apresentado por Manuela Moura Guedes da mesma forma que foi aquando da mordaça que Manuela Ferreira Leite colocou a todos os professores quando era Ministra da Educação e quando Marques Mendes fazia os alinhamentos do Telejornal da RTP com José Eduardo Moniz.
Agora leiam, porque tudo se pode virar! E se calhar não leram “O Pêndulo de Foucault”, de Umberto Eco uma das imortais obras de literatura do século XX, este conhecido ensaísta e escritor italiano, labora sobre três amigos, Casaubon, Jacopo Belpo e Diotallevi, fascinados pelo submundo da literatura das teorias conspirativas históricas, e do papel das sociedades secretas nesse universo. Fascina-os, sobretudo, a crendice popular e o número de pessoas que compram tais livrinhos nas catacumbas do Metro de Paris. Histórias que cruzam a emergência dos Templários para tomar conta do mundo, a eterna busca do Graal que estaria nas mãos de grupos ocultos, os Rosa Cruzes e a sua luta perene com outras sociedades para dominar o fim dos tempos. Pelejadas de indícios circunstanciais, mas que lhes pretendem conferir credibilidade.
Casaubon, Belpo e Diotallevi decidem embarcar na maior das sagas: escrever eles próprios uma teoria conspirativa. Tão credível que arrastasse multidões e produzisse um sucesso de vendas. Considerando-se mais inteligentes que os restantes ficcionistas de pacotilha, criam uma história plena de indícios verificáveis que vai dos ritos brasileiros aos misteriosamente extintos Cavaleiros da Ordem da Cruz. Alegando estar o segredo no famoso Pêndulo de Foucault, que na Abadia de St. Martin des Champs, em Paris, exerce um fascínio místico sobre quem o vê. E que projectaria, no solstício de Verão, a determinada hora, a sua sombra na direcção do centro do mundo.
O problema com a criação de Belpo e dos seus amigos é que é demasiado bem sucedida. Demasiadas pessoas começam a acreditar. O que se inicia como uma mentira, para desmascarar os demais fantasistas, acaba por ir convencendo progressivamente o próprio Jacopo Belpo. E a tragédia que se abate sobre quem tentou manipular as multidões num determinado sentido é acabar por morrer às mãos da história que criaram. Porque já ninguém acreditou que fosse mentira, quando os tentaram convencer.

Os criativos do não-caso Moura Guedes cometeram o mesmo erro de Cavaco Silva, que no início dos anos 90 confessava não ter paciência para ler o Pêndulo de Foucault. Fazia-lhes bem. A manobra de diversão, a tentativa de prejudicar o PS e o Governo criando a ilusão, em que as pessoas podem cair, de que os suspeitos do costume são culpados, acarreta sempre o risco, como magistralmente demonstrou Eco, de se virar contra eles. Abrindo a caixa de Pandora das teorias cabalísticas, abala-se a democracia e os alicerces da III República. Mina-se a confiança nas instituições. E cria-se um exército de perigosos iniciados, que com a mesma facilidade com que hoje gritam contra o PS, poderão com igual fúria, em poucas horas ou dias gritar, contra quem montou a história.
E, tal como com Jacopo Belpo, será tarde de mais. Belpo morreu às mãos dos iniciados que criou quando lhes tentou explicar a mentira que tinha imaginado.

O mal, como se diz no Pêndulo, é que os iniciados num culto se tornam perigosos pelo seu fervor. Quem pensou nisto devia ter lido esse pormenor. E deveria ter tido presente que o Pêndulo sucede a outro estupendo romance de Eco. Em que a uma noite fortuita de paixão na Abadia dos vários crimes, onde o pecado era o riso, o jovem frade acaba por partir sem saber quem era a mulher que amou. Sem saber o seu nome. Sem saber o nome daquela rosa!
Na semiótica de Eco, a rosa é o símbolo do amor desconhecido. Do belo. Quem tentou matar a rosa com uma história conspirativa, arrisca-se a pagar o preço de não ter lido o romance que retrata aquilo de que é capaz uma multidão que acredita numa mentira.

Diz-se no Pêndulo, "Mas o mal, é que estes perigosos iniciados tomam por certo que estão na luz:"
Quase sempre o feitiço vira-se contra o feiticeiro, não se esqueçam, nem os que tem feito e lançado estas suspeições. Para se ganhar é preciso honestidade, e propostas diferentes inovadoras em que o povo acredite, não descredibilizar pela calúnia, o povo até pode acreditar, mas será sempre por pouco tempo, porque a verdade vem sempre a de cimo, como diz o povo. Já agora então a vossa política de verdade baseia-se na mentira mascarada de “careto”?

6 comentários:

Jolly Jumper disse...

Umberto Eco? "O Nome da Rosa"... aconselho!

Anónimo disse...

Se sente a existência de um governo sombra e forças que são invisiveis a todos nós comuns portugueses e mortais tem de abrir um consultório. O professor Bambo é que não vai gostar da concorrência. Faz-me lembrar um filme chamado 6º sentido...
Tambem já achava estranho a manelita não ter aparecido no seu último post.

Anónimo disse...

Gostei dessa Prof. Bambo, não se aqua é ao egídio mas sim ao Miguel Ferreira, Carlos Marques e talvez...ao César não que ele tem mais cara de asno, agora o Prof. faxia-lhe jeito coitado, pelo menos rodeaava-se de um homem das ciências ocultas...não é? é que César ser um burro com dinheiro estáq mal assessoriado parece o curral da mula...

Anónimo disse...

Leiam Umberto Eco... Cultivem-se... para alguns do PSD e não só é um bom livro de mesa de cabeceira.
Prarabéns Egídio!
Já agora era um bom livro para prenda de aniversário doGonçalo Breda, já que está de parabéns hoje.

Anónimo disse...

quanto ao miguel ganhão pereira já aqui escrevi e no blog que deu lugar a este também deixei um lamiré em 2005...
a carmen ligou-me de madrugada lavada em lágrimas a dizer que o miguel se tinha suicidado. lembro-me que saí de casa direito a queluz e pelo caminho recordei alguns factos que se tinham passado por esses dias e que o miguel me havia contado: o desprezo com que fora tratado, a mesquinhez com que a ele se dirigiram apenas e só porque passava mais um aniversário sobre o assassinato de sá carneiro e ele, o miguel, era o único jornalista que restava na tvi que fizera parte da equipa de artur albarran que durante meses e meses se dedicara a investigar o atentado.
tinha por isso o miguel muita informação sobre o assunto preparou-se para quando chegasse o dia poder fazer um trabalho sobre isso. como o dia chegou e nada lhe haviam dito abeirou-se que quem decidia e teve como resposta um nojento "quem é que tu pensas que és? achas que te íamos pedir alguma coisa? por amor de deus cresce a aparece, já temos um jornalista a sério que esteve presente no local e tudo quando o avião caiu."
mais palavra menos palavra foi isto que lhe foi dito e o miguel, que já não andava bem, não aguentou e cometeu o acto que todos lamentamos e ainda hoje choramos, ninguém o empurrou e aceito que apesar de grosseiras as palavras ditas ao miguel não eram motivo para ele fazer o que fez, mas foram a gota de água.
quanto ao jornalista a sério, e que nada teve a ver com as palavras dirigidas ao miguel, resta dizer que efectivamente esteve no local da queda do avião, onde gravou um "vivo" junto aos destroços, mas a caminho de outra reportagem, só sabendo quem ia no avião quando regressou à redacção e lhe disseram...
Há muito mais em:
http://eujornalista.blogs.sapo.pt/170930.html

Anónimo disse...

O Vereador do Canedo disse ao Carvalheira que se fosse preciso andava da saias para ir para o lugar do Miranda Ferreira.