segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

NO PLANO ESTRITAMENTE POLÍTICO


Desde o inefável Paulo Rangel até ao moralista José Manuel Pureza, os críticos do Governo (e em especial de Sócrates) têm afirmado que não discutem o processo Face Oculta ou as escutas no plano judicial.

Após esta afirmação piedosa de princípio, passam imediatamente ao que (lhes) interessa: a dita relevância política das escutas, que na sua opinião fará cair Sócrates e o Governo e fazer regressar ao poder aqueles que perderam nas urnas, há menos de seis meses, de acordo com a vontade expressa do povo português.

Em tudo isto, há uma contradição em que estes pequenos políticos nem reparam.

As escutas só são admitidas na medida em que têm relevância para a perseguição de crimes. É isso que as torna admissíveis, no processo penal, e que justifica uma autorização do juiz que põe em causa a privacidade e a reserva da vida privada. Fora deste contexto, a recolha ou a utilização de escutas constitui, pura e simplesmente, um método pidesco de obter vantagens num divórcio, numa luta empresarial ou na disputa político-partidária.

A única atitude coerente e compatível com a Democracia (com d maiúsculo) é separar a esfera judicial da luta política. À escala portuguesa, é mais ou menos como se no caso Watergate o tópico de discussão fossem as escutas ilegais feitas na sede do Partido Democrata e não a responsabilidade de quem as mandou fazer.

Se os Rangéis e os Purezas deste país têm algum apego à democracia e o mínimo sentido de decência, devem intervir na luta política com armas políticas e não com aquelas q1ue são ilicitamente fornecidas por algumas pessoas que, a título de excepção, desonram o mundo judicial.

C C

11 comentários:

Anónimo disse...

1. Rangel aparece nesta corrida como o dissidente do partido que quer conquistar a liderança, e antecipou-se para o efeito, embora estando a ocupar um lugar de eurodeputado. Se, por um lado, trai a confiança do eleitores que votaram nele, por outro Rangel sabe também revela altruísmo, pois abdicará do seu vencimento dourado para se abalançar à luta política, mas é do poder que se trata, e ser eurodeputado não é mais do que se um burocrata europeu. E Rangel deseja ser mais do que Ilda Figueiredo...


2. Rangel é o menos trivial dos demais candidatos à liderança: Aguair-branco é um homem previsível; Pedro Passos Coelho não tem uma ideia que surpreenda, e quando deseja inovar ou diz que Sartre é autor da fenomenologia do espírito ou quer privatizar a CGD. Ou seja, pior do que o cinzentismo de Aguiar-Branco, um advogado queque do Norte, só o experimentalismo inculto de Pedro Passos Coelho, e já nos basta termos alguém em Belém que desconhecia Os Lusíadas.


3. Rangel é, dos três a concurso, aquele que tem o discurso crítico mais afinado e assertivo no combate ao PM, e isso será naturalmente compensado pelas bases do psd que querem um candidato vencedor, seja ele Rangel ou Fonseca Benevites. É preciso é que ganhe de modo a que os elementos do psd, uma vez no poder, possam replicar os mesmos mecanismos e abusos de poder que hoje imputam ao PS e ao PM em funções. Nada de novo sob os céus, portanto.


4. No quadro da dialéctica política e da guerrilha parlamentar Rangel é, sem sombra de dúvida, o candidato mais eficiente, é o que articula melhor, é o que domina melhor as questões técnico-económicas e aquele que hoje melhor se consegue demarcar da tribo ferreirista, e isso permite-lhe escapar aos preconceitos da tribo, e, por outro lado, resistir melhor ao encanto das aparências e combater a falsa consciência no seio do seu próprio partido.

Veremos se, de facto, Rangel será o homem do Sim, do Não ou será mais um um a dizer Nim - para se aguentar na onda da política que tem apodrecido a discussão de ideias e o debate dos projectos em Portugal.

O único grave problema de Rangel é que, caso seja PM, possa começar a dizer mal do seu próprio governo e a dizer de cada ministro seu o que há dias verberou acerca do seu próprio país no PE.

Egídio Peixoto disse...

Obrigado pelo comentário.Está muito bem construido e com uma realidade muito veridicta de Paulo Rangel...

Anónimo disse...

Veridicta, Peixoto?

Anónimo disse...

É já o Novo Acordo Ortográfico?

Anónimo disse...

Só concordo com o seguinte trecho do anónimo das 12;03:
"...de modo a que os elementos do psd, uma vez no poder, possam replicar os mesmos mecanismos e abusos de poder que hoje imputam ao PS..."
Infelizmente esta é a realidade cada vez mais evidente deste pobre país...

Egídio Peixoto disse...

Tem razão Verídica, é um erro, obrigado pelo reparo.

Anónimo disse...

Oh! Peixoto, é uma verdadeira pena, essa tua cegueira selectiva. Reconheces tão céleremente o erro da verídica, mas és incapaz de enxergar e cheirar a negra e fétida podridão do teu ídolo Sócrates e sus muchachos!

Pedro Costa disse...

Infelizmente, desde 1974 que ninguem conquista o poder em Portugal. As trocas têm sido sempre feitas por razões imputadas ou imputáveis a quem sai. Desta vez não vai ser diferente. Daí ser já comum o comentário "o próximo líder do PSD vai ser o próximo Primeiro Ministro de Portugal".
Esta irrelevância de esforço será sempre madrasta do desenvolvimento. Os governos começam com boas intenções, mas a partir de determinada altura entram em campanha eleitoral e estragam tudo.
Tudo indica que não existirão mudanças neste fado, pelo menos a julgar pelo que se vê.

Anónimo disse...

Nojo. Nojo é o que se sente, a ser verdade o que escreve acerca da corja.
No Expresso do passado sábado(Pág 5) pode ler quem quiser que o famoso Rui Pedro Soares, de apenas 34 anos, administarador da PT nomeado pelo governo, e ao que parece sem especiais qualificações para o efeito, a não ser a sua qualidade de acéfalo e seguidista "Boy", aufere rendimentos anuais que têm variado entre 1,2 e 2,8 MILHÕES de euros!!!!
(ou seja, a dividir por 14, entre 85.714 e 200.000 euros por MÊS!!!).
E dizem-se socialistas, estes biltres!!! O que não fariam, se o não fossem!!!!

Anónimo disse...

Anódino.
Anódino é o comentario anterior, que, mais de 24 horas passadas, não suscita qualquer reacção.
Está tudo amorfo.
Ninguém reage.
Está então tudo bem, assim?
Se é esse o caso, divirtam-se.
Até que apareça um daqueles tolos que, à semelhança do que acontece nos EUA, irrompe de metralhadora em punho e limpa o sebo de uns quantos. Insensívelmente. Com a mesma insensibilidade que parece grassar na nossa sociedade, em geral.

Anónimo disse...

Como ninguem diz pio, suponho que de todos os caríssimos leitores deste Blog, nenhum desdenharia auferir também rendimentos anuais variando entre 1,2 e 2,8 MILHÕES de euros!!!!
(ou seja, a dividir por 14, entre 85.714 e 200.000 euros por MÊS!!!).