terça-feira, 8 de abril de 2008

Homem estrangulado no espaço do tempo


Não me é dado prever o futuro
Nem alterar o passado
Verso e reverso do mesmo processo
Sou espírito estrangulado
Pelo tempo
No espaço
Feito no universo

Tempo que passa a passado
A cada instante presente
E é futuro temporão
Vertigem
Lapso relapso
Ilusão

Falo do passado profundo
Do futuro distante
Da instante sensação

Só fora de mim existe tempo

Tento descobrir-me por mim a dentro
Aonde não há espaço
Nem tempo
Nem movimento
Nem passado
Nem futuro
Apenas o presente lamento

Ao ver os outros vejo-me a mim
Ao olhar as coisas é a mim que me olho
Tudo em redor se reflecte em mim
Paro o tempo
Fujo do espaço
Liberto-me assim

Por mim a dentro
Por dentro da verdade
Aonde reside o absoluto
Irresoluto movimento
Sem referência nem impaciência
Sem tempo demarcado
Não é movimento
Nem espaço-tempo
É eternidade

Este o nexo de por reflexo
Desejar permanecer no prazer
Simulacro do amor
Enquanto da dor
Sempre procuro fugir

A dor é outra medida do tempo
Tem passado
Tem presente e futuro
É inferno

O amor não tem tempo
É eterno

Homem estrangulado no espaço
Pelo tempo
No presente imaginário
Que é passado e futuro
A cada instante angustia e fadário
Apenas no amor fujo da dor
Encontro a bonança
A esperança de assim
Me libertar de mim.

Para Mealhadenses virados, no incumprimento das suas obrigações como pessoas de bem, pelo menos foi para isso que se confiou.... sabem não é...

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