sábado, 6 de junho de 2009

NÃO PROCURES...


Não procures o eterno,

O eterno sol,

Mas procura reter asa e momento.

Não o que volve em pulsação cansada,

Mas o que é nunca em vastidão e nada.


Não procures reter a mão estendida

Mas a que esconde a incógnita penumbra.

Chama as Irmãs da Morte

Como chamasses por Irmãs na Vida.

Tu sabes do Aviso que te envolve.


Tu sabes - ou não sabes? - dessa Grécia

Onde te deram a beber cicuta?

Tu sabes - ou não sabes? - da permuta

Entre o preço das auras e do pó?

Tu sabes o que viste e o que escolheste?

Tu sabes. E andas tonta,como a pomba

No altar do sacrifício a querer voar.

Tu sabes o que queres saber de mais

E conheces a próxima Estação.


Tu sabes tudo. E finges

Como a Esfinge

Que dormes o mistério do Deserto

E a dormir viverás.


Tu sabes o que viste e o que escolheste.

Tu te sabes. E sabes que morreste

E morrias em paz.

Natércia Freire

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