Chama-se a atenção antes de mais para que José Sócrates cumpriu as expectativas. O novo governo tem um reforço da componente feminina, um reforço de competência técnica, maior capacidade de diálogo político adequado aos novos tempos, manifesta apostas fortes na economia /emprego/cultura/ambiente/ energia e foi buscar quadros muito qualificados para obras públicas e para a agricultura. Vejamos os perfis.
A representatividade das mulheres no novo governo é muito clara: 5 ministras no total. Isabel Alçada é uma promessa cumprida. Apareceu na campanha eleitoral do PS e não faltou quem achasse ser apenas golpe de marketing político. Afinal, enganaram-se. O PS foi honesto na campanha e o rosto que mostrou é o que assume a posição de ministra da educação: para cumprir o programa do PS, mas com maior capacidade política e dialogante num sector que sofreu profundas e necessárias reformas, mas onde se resolve a crispação social que se gerou.
Gabriela Canavilhas indiscutivelmente sólido ligado ao sector cultural., em concreto à música Reflecte a promessa cumprida de dar maior visibilidade à cultura neste mandato. E uma aposta a materializar-se numa mudança de políticas.
Dulce Álvaro Pássaro suge também com uma experiência ligada ao ambiente e recursos naturais. Tem o perfil certo para o Ministério que lhe é atribuído: o do Ambiente e Ordenamento do Território.
Ana Jorge era uma continuidade esperada na Saúde. E ademais reunindo um amplo consenso na sociedade portuguesa. Helena André tem toda a vida está ligada à actividade sindical e à investigação nas questões do trabalho e segurança social. Estudou particularmente o problema do emprego juvenil. Participou nos fóruns Novas Fronteiras e colaborou no espaço de definição de políticas Res Publica.
Entre o elenco masculino do governo, duas boas novas são a continuidade de Teixeira dos Santos nas Finanças, algo que o próprio Nuno Morais Sarmento considerava uma necessidade, na última Terça, na TVI 24, a continuidade de Luís Amado nos Negócios Estrangeiros, ele que levou a cabo uma eficaz diplomacia económica, e a passagem para a Economia de um dos Ministros que reuniu maior consenso no anterior governo: Vieira da Silva. O seu surgimento na pasta, em lugar do nome especulado de Basílio Horta, aponta para uma efectiva sensibilidade social à crise na condução das questões económicas.
António Augusto de Ascenção Mendonça, professor catedrático do ISEG, com vasta obra no domínio da política comunitária e com vasta experiência de estudos realizados para o Ministério da Economia, no âmbito da competitividade da economia Portuguesa, surge como um nome forte nas Obras, Públicas e Comunicações, por onde passará muito do desenvolvimento do país nos próximos anos, com a aposta em investimentos públicos modernizadores.
António Soares Serrano, Professor Catedrático da Universidade de Évora, produziu trabalho académico na área dos sistemas de informação, tecnologia e modernização. Uma aposta para a a necessária e sempre adiada modernização da agricultura Portuguesa.Nota positiva ainda para a manutenção de um perfil político no novo governo, com boa capacidade de combate. Jorge Lacão tem uma larga experiência parlamentar e será uma mais uma valia importante. Igualmente importante a manutenção de Pedro Silva Pereira. A mudança de pasta de Augusto Santos Silva permite uma importante reserva política para o debate, e adequa-o a um ministério para a qual a sua formação em História confere particular entendimento geopolítico.
O valor das ideias