Quem diria que o épico autor dos Lusíadas seria assim um coração de manteiga (numa época em que não havia geladeiras para se manter a manteiga sem derreter à toa.) Luiz Vaz de Camões dispensa títulos ou comentários. Heis um de seus intermináveis sonetos de amor. Este diz muito por mim, em suas poucas palavras.
Quem diz que Amor é falso ou enganoso,
Ligeiro, ingrato, vão, desconhecido,
Sem falta lhe terá bem merecido
Que lhe seja cruel ou enganoso.
Ligeiro, ingrato, vão, desconhecido,
Sem falta lhe terá bem merecido
Que lhe seja cruel ou enganoso.
Amor é brando, é doce e é piedoso:
Quem o contrário diz não seja crido,
Seja por cego e apaixonado tido,
E aos homens, e ainda aos deuses, odioso.
Se males faz Amor, em mim se vêm;
Em mim mostrando todo seu rigor,
Ao mundo quiz mostrar quanto podia.
Mas todas as suas iras são de Amor;
Todos esses seus males são um bem
Que por outro bem não trocaria
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