sábado, 18 de outubro de 2008

UM POEMA DE JORGE ROQUE


REVÉRBERO NEGRO
Às vezes assusta-me este novo riso que tenho.

Não que antes não risse,

mas exactamente porque antes ria e este riso não ri.

Apenas revérbero negro do que seria um sorriso se alguma alegria o tomasse.

Só que não há alegria e o riso perpetua-se negro sob o céu pesado do olhar de outros

que se perguntam e com razão: estará a ficar louco?

Por mim nunca me coloquei a questão (é o olhar deles que me assusta).

Nos dias a questão foi sempre outra: como sobreviver a esta dor sem pausa?

Como atravessar este grito sem fim?

É para ela que o riso é solução.

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