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REVÉRBERO NEGRO
Às vezes assusta-me este novo riso que tenho.
Às vezes assusta-me este novo riso que tenho.
Não que antes não risse,
mas exactamente porque antes ria e este riso não ri.
Apenas revérbero negro do que seria um sorriso se alguma alegria o tomasse.
Só que não há alegria e o riso perpetua-se negro sob o céu pesado do olhar de outros
que se perguntam e com razão: estará a ficar louco?
Por mim nunca me coloquei a questão (é o olhar deles que me assusta).
Nos dias a questão foi sempre outra: como sobreviver a esta dor sem pausa?
Como atravessar este grito sem fim?
É para ela que o riso é solução.
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