sexta-feira, 13 de junho de 2008

VASCO SANTANA, 50 ANOS DEPOIS...


Era um actor de génio, ao nível dos maiores do mundo. Vasco Santana marcou para sempre a comédia à portuguesa. Com grande sensibilidade e dotado de invulgares técnicas teatrais, transforma-se num mito do cinema nacional. É impossível esquecer a sua famosa dupla com Laura Alves ou as célebres frases “Ó Evaristo, tens cá disto?” e “Candeeiro, dás-me lume?”. Tornou-se imortal. Era um daqueles actores que chegavam ao público com enorme força.


Com 19 anos, e depois de ver repetidamente a peça “O Beijo”, de Arnaldo Leite e Carvalho Barbosa, no Teatro Avenida, Vasco Santana é solicitado para substituir o actor Artur Rodrigues e faz assim a sua primeira estreia teatral pública, com o papel de Palavreado. Devido ao seu inesgotável talento, a representação não podia ser outra coisa senão um êxito. Daí em diante nunca mais parou. Com as suas habituais manobras de genialidade no palco, levava ao delírio centenas de admiradores.
Vasco Santana abandona o curso de belas-artes e dedica-se exclusivamente à carreira dramática, fazendo longas temporadas no Teatro S. Luiz e viajando ao Brasil nas “tournées” das companhias em que trabalhava.
Destacou-se na comédia e alcançou o estatuto de estrela no cinema, protagonizando filmes como “A Canção de Lisboa”, de 1933, em que contracena com Beatriz Costa e António Silva; “O Pai Tirano”, em 1941, em que faz dupla com Ribeirinho e no qual domina a acção e cria situações brilhantes de humor; e “O Pátio das Cantigas”, em 1942, em que concebe alguns dos seus mais bem sucedidos momentos cinematográficos, como o monólogo com o candeeiro ou os diálogos de trocadilhos com António Silva.
Devorado por uma energia imparável, jamais estava quieto. No teatro nunca deixou de trabalhar e, cada vez que subia ao palco, levava consigo uma aura de alegria e boa-disposição. “Ver a Laura ou o Vasco Santana era uma festa. Hoje, achamos extraordinário como eles faziam duas sessões sempre esgotadas. Mas Vasco Santana não fez só comédias. Entrou também em algumas peças dramáticas, como “Três Rapazes e Uma Rapariga”. Brilhou de igual maneira e transmitiu grande humanidade às personagens. Tinha talento nato, mas também dominava as técnicas de representação e sabia como ninguém improvisar. Havia um charme, uma delicadeza a dizer as coisas. Bem ditas e bem representadas.

Nasceu e morreu em Lisboa e foi pai de outro conhecido actor português, Henrique Santana. Para sempre adorado pelo público, Vasco Santana será, para a eternidade, uma referência obrigatória na arte da representação. Cinquenta anos após a sua morte, ainda faz rir Portugal.

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