Cinco anos depois da invasão do Iraque… G.W. Bush e Mcain admitem eternizá-la por décadas. Era e não era a ideia inicial. No princípio, a guerra queria-se rápida porque cara e esmagadora. Depois, ficariam no terreno 20 mil norte-americanos concentrados em quatro bases legitimadas pelo novo Governo. A guerra não foi rápida, está a sair incomensuravelmente mais cara do que o previsto e os EUA não sabem como tirar as castanhas do lume. Pelo meio, caíram 4 mil soldados do Império, 30 mil foram feridos e um número indeterminado regressou com maleitas de ordem psicológica. Este saldo não se compara ao das vítimas. Por causa da decisão de três homens e um porteiro, mais de 4 milhões de iraquianos foram reduzidos à condição de refugiados e os mortos e feridos deixaram de se contar, para apenas se poderem estimar.
A grande mentira deste novo século revelou os líderes que temos. Um canalha acompanhado de três cândidos que, mais tarde, alegaram «não saber». Blair, Aznar e Barroso sabiam. Nos meses anteriores à invasão, todos sabiam. Hoje sabe-se, até, que os EUA já varriam o terreno, enquanto preparavam o mundo para a invasão.Diz-se que a situação militar está mais controlada. Está e não está. Está, porque as principais facções iraquianas se estão a abster da guerra sectária por detrás da guerra contra o ocupante. Mas ninguém se iluda. As armas milicianas apenas esperam pelos resultados das eleições nos EUA. Voltarão a cantar, mais violentas do que nunca, se o ocupante não desistir. O céu e o inferno nasceram na Mesopotâmia. A esquizofrenia contaminou todos os protagonistas. Os EUA não podem ficar e não sabem como sair. Até sabem, mas hesitam em estender a mão a Damasco e Teerão, os únicos que podem evitar uma pavorosa guerra civil pelos restos de um país. Xiitas e curdos querem o ocupante pelas costas, mas não aceitam calendários de retirada enquanto não tiverem reconstruído o exército, a última coisa que os EUA querem ver no Iraque. Mas, enquanto os xiitas querem um país, os curdos só o aceitam se ficarem com as receitas do seu petróleo. Por outro lado, nunca trairão os seus irmãos da Turquia, o que coloca os EUA ante um insolúvel conflito de interesses: os seus ou os do seu aliado histórico.
Finalmente, os sunitas: são quem mais castiga o ocupante, mas, de momento, ajustam contas com os fanáticos de Bin Laden, para descanso de toda a gente. Eis porque a ocupação, entrada no seu quinto ano, parece ‘menos mal’. O ocupante, que usou os conflitos sectários, é agora manipulado por eles. Ironia esta, a de um Império refém da teia que teceu. De todos os actores, é o único descartável. Pavoroso tem sido o sofrimento exigido para tão patético resultado. A Mesopotâmia, que os rios fizeram crente e resistente, nunca esquecerá. Nem nós. Porque o crime se fez em nome dos valores que partilhamos.
(Miguel Portas)
A grande mentira deste novo século revelou os líderes que temos. Um canalha acompanhado de três cândidos que, mais tarde, alegaram «não saber». Blair, Aznar e Barroso sabiam. Nos meses anteriores à invasão, todos sabiam. Hoje sabe-se, até, que os EUA já varriam o terreno, enquanto preparavam o mundo para a invasão.Diz-se que a situação militar está mais controlada. Está e não está. Está, porque as principais facções iraquianas se estão a abster da guerra sectária por detrás da guerra contra o ocupante. Mas ninguém se iluda. As armas milicianas apenas esperam pelos resultados das eleições nos EUA. Voltarão a cantar, mais violentas do que nunca, se o ocupante não desistir. O céu e o inferno nasceram na Mesopotâmia. A esquizofrenia contaminou todos os protagonistas. Os EUA não podem ficar e não sabem como sair. Até sabem, mas hesitam em estender a mão a Damasco e Teerão, os únicos que podem evitar uma pavorosa guerra civil pelos restos de um país. Xiitas e curdos querem o ocupante pelas costas, mas não aceitam calendários de retirada enquanto não tiverem reconstruído o exército, a última coisa que os EUA querem ver no Iraque. Mas, enquanto os xiitas querem um país, os curdos só o aceitam se ficarem com as receitas do seu petróleo. Por outro lado, nunca trairão os seus irmãos da Turquia, o que coloca os EUA ante um insolúvel conflito de interesses: os seus ou os do seu aliado histórico.
Finalmente, os sunitas: são quem mais castiga o ocupante, mas, de momento, ajustam contas com os fanáticos de Bin Laden, para descanso de toda a gente. Eis porque a ocupação, entrada no seu quinto ano, parece ‘menos mal’. O ocupante, que usou os conflitos sectários, é agora manipulado por eles. Ironia esta, a de um Império refém da teia que teceu. De todos os actores, é o único descartável. Pavoroso tem sido o sofrimento exigido para tão patético resultado. A Mesopotâmia, que os rios fizeram crente e resistente, nunca esquecerá. Nem nós. Porque o crime se fez em nome dos valores que partilhamos.
(Miguel Portas)
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