terça-feira, 7 de abril de 2009

Solidão e fragilidade do poder

A maior parte dos portugueses, se posta perante a possibilidade de trocar de lugar com Sócrates amanhã às 9 da matina, assumindo o cargo de Primeiro-Ministro, ficaria cagada de medo. Recusariam de imediato e ficavam incrédulos com o convite. Mas o mesmo aconteceria se o convite fosse para daqui a 1 mês, ou 6, ou 1 ano ou 100. Temor e tremor, seria o resultado dessa experiência.

Mas não só no caso do Governo. Quantos portugueses aceitariam estar à frente do PSD, por exemplo? Quantos estão dispostos a ficarem expostos? Quantos conseguem sequer falar em público para o público? Quantos arriscam discutir ideias próprias, negociar compromissos com adversários, defender vontades de terceiros? Quantos aguentariam a pressão da responsabilidade máxima e constante? Quantos portugueses fazem alguma ideia da complexidade de chefiar o Governo, ou um partido, ou um destino?

No entanto, parece que não faltam valentes prontos para a função. Manuela Ferreira Leite, Francisco Louçã, Jerónimo de Sousa, Paulo Portas, Santana Lopes, Pedro Passos Coelho, Luís Filipe Menezes, Marques Mendes, Carlos Carvalhas, para ficar pelo passado recente, são nomes que, de uma forma ou outra, têm estado na calha para nos governar. E trazem os seus companheiros e amigos com eles, há muita gente que saliva por gabinetes, secretárias, motoristas, seguranças, repórteres, salamaleques, almoços grátis, conhecer o Mundo e os mundanos. Sempre assim foi e será.

Paradoxo? Não, imbecilidade. Os que tentam derrubar o poder vigente na chã cobiça de o substituir, nesse exercício erradamente designado por oposição, ignoram o que é a solidão e fragilidade do poder. Ignoram por inexperiência ou vício. Esses, claro, são os que mais estranham ver um primeiro-ministro a pedir ajuda à Justiça.
Aspirina B

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