quarta-feira, 4 de março de 2009

SÓCRATES SERÁ À PROVA DE BALA?



Nenhum político português foi alvo de tantas acusações como José Sócrates desde que assumiu a liderança do PS, mal se candidatou a primeiro-ministro foi logo alvo de insinuações sobre as suas opções sexuais, o PSD chegou mesmo a encher o país com outdoors, uns da iniciativa da JSD, outros de Pedro Santana Lopes, lançando a insinuação.
Depois disso e já como primeiro-ministro foi aquilo a que temos assistido, as suspeitas sobre o diploma, as dúvidas sobre os trabalhos de engenharia e, mais recentemente, o caso Freeport. Tentaram a insinuação de que era gay como humilhação, depois foi a tentativa de provar a “falha de carácter" como lhe chamou Pacheco Pereira e agora a acusação de corrupto.
Em todas estas acusações o PSD ou assumiu claramente a acusação ou não resistiu à tentação de aproveitar as dúvidas. Foi o que sucedeu com o caso Freeport, o PSD não assume a suspeita mas vai aproveitando todas as ocasiões para assegurar que a mesma paira sobre Sócrates, chegou ao ridículo de mandar o líder parlamentar reunir com o Procurador-Geral para discutir a matéria.
Nos outros partidos da oposição a estratégia difere de partido para partido, o CDS tem evitado sujar as mãos enquanto o BE e o PCP assumem uma postura responsável enquanto os seus militantes vão usando todas as formas de lançar a suspeita.
Mas depois de tudo isto e de mais uma grave crise económica o PS sobrevive nas sondagens e arrisca-se mesmo a renovar a maioria absoluta. Porquê?
Em condições normais bastariam as suspeitas que têm vindo a ser lançadas para derrubar o fragilizar psicologicamente o primeiro-ministro. Se isso não bastasse os conflitos com os armadores de pesca, camionistas e professores bastariam para fragilizar eleitoralmente José Sócrates. Se considerarmos o que sucedeu no mandato de Mário Soares teríamos que concluir que a postura de falsa cooperação estratégica de Cavaco Silva seria suficiente para fragilizar eleitoralmente José Sócrates. Mas mesmo assim o líder do PS resiste.
Poder-se-ia dizer que José Sócrates é tão competente que os eleitores estão dispostos a perdoar-lhe tudo, mas isso não é verdade, ainda que seja bem mais competente como primeiro-ministro do que as últimas soluções do PSD. Aliás, quando se candidatou a primeiro-ministro Sócrates não estava preparado para o cargo, o que o levou a falhar tanta promessa.
A verdade é que os eleitores são como as ratazanas, vão-se habituando ao veneno e acabam por se alimentar com ele em vez de morrerem. O José Manuel Fernandes bem pode dedicar todas as edições do Público a Sócrates que os seus leitores limitam-se a pular as páginas e não mudam as intenções de voto em função das desilusões empresariais de Belmiro de Azevedo. A Manuela Moura Guedes bem pode encher aquela enorme boca de gozo que os espectadores vão bocejando até à hora da telenovela. Cavaco Silva bem pode marcar comunicações e recorrer a vetos, não é por isso que os eleitores se vão apaixonar por Manuela Ferreira Leite ou reparar no seu Miguel Relvas.
A força de Sócrates vem da falta de alternativas, vem de uma oposição que esgota as suas energias na crítica e se esquece de propor um projecto com soluções para o país e quando simulam a apresentação de soluções estas tresandam a eleitoralismo.
Com uma oposição destas começo a ficar convencido de que nem à bala se vão livrar de José Sócrates. Aliás, ao PSD já só falta mesmo contratar um gangster para se livrar do líder do PS o que lhes serviria de pouco, estou convencido que Manuela Ferreira Leite perderia até com o porteiro do Largo do Rato.
Jumento

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