segunda-feira, 6 de julho de 2009

ALEGRA-TE, ÉS UM HOMEM…OUTROS SERÃO O QUÊ?...


Se podes conservar o teu bom senso e a calma

No mundo a delirar para quem o louco és tu...

Se podes crer em ti com toda a força de alma

Quando ninguém te crê...Se vais faminto e nu,


Trilhando sem revolta um rumo solitário...

Se à torva intolerância, à negra incompreensão,

Tu podes responder subindo o teu calvário

Com lágrimas de amor e bênçãos de perdão...


Se podes dizer bem de quem te calunia...

Se dás ternura em troca aos que te dão rancor

(Mas sem a afectação de um santo que oficia

Nem pretensões de sábio a dar lições de amor)...


Se podes esperar sem fatigar a esperança...

Sonhar, mas conservar-te acima do teu sonho...

Fazer do pensamento um arco de aliança,

Entre o clarão do inferno e a luz do céu risonho...


Se podes encarar com indiferença igual

O triunfo e a derrota, eternos impostores...

Se podes ver o bem oculto em todo o mal

E resignar sorrindo o amor dos teus amores...


Se podes resistir à raiva e à vergonha

De ver envenenar as frases que disseste

E que um velhaco emprega eivadas de peçonha

Com falsas intenções que tu jamais lhes deste...


Se podes ver por terra as obras que fizeste,

Vaiadas por malsins, desorientando o povo,

E sem dizeres palavra, e sem um termo agreste,

Voltares ao princípio a construir de novo...


Se puderes obrigar o coração e os músculos

A renovar um esforço há muito vacilante,

Quando no teu corpo, já afogado em crepúsculos,

Só exista a vontade a comandar avante...


Se vivendo entre o povo és virtuoso e nobre...

Se vivendo entre os reis, conservas a humildade...

Se inimigo ou amigo, o poderoso e o pobre

São iguais para ti à luz da eternidade...


Se quem conta contigo encontra mais que a conta...

Se podes empregar os sessenta segundos

Do minuto que passa em obra de tal monta

Que o minute se espraie em séculos fecundos...


Então, á ser sublime, o mundo inteiro é teu!

Já dominaste os reis, os tempos, os espaços!...

Mas, ainda para além, um novo sol rompeu,

Abrindo o infinito ao rumo dos teus passos.


Pairando numa esfera acima deste plano,

Sem receares jamais que os erros te retomem,

Quando já nada houver em ti que seja humano,

Alegra-te, meu filho, então serás um homem!...


RUDYARD KIPLING
(tradução de Félix Bermudes)

4 comentários:

Anónimo disse...

Dá-me uma leve impressão que este poema tem um conteúdo dirigido a alguém da Mealhada...

Anónimo disse...

Um belo Poema!
Um Abraço!

Anónimo disse...

O Jorge Carvalho que fez tanto pelo Luso e nem na Junta o vão manter. É injusto. O Marqueiro prometeu-lhe que ia ser vereador mas só conseguiu meter o Miguel Felgueiras na Assembleia Municipal. Jorge foste traido. O Luso e a Europa precisam de ti. Pede ao Carvalheira que ele arranja-te um lugar.

Deusa Odoyá disse...

Olá meu lindo amigo !
Passei para conhecer seu blog e deparo com uma grande reflexão aos nossos dias.
Parabéns, um belo texto...
Voltarei sempre.
Beijinhos doces de sua nova amiga de blog.
Regina Coeli.
Fique na paz.

Aguardo sua visita ao meu cantinho.