Por alguma razão, a palavra paz foi apropriada por alguns como respeitando em exclusivo às relações internacionais. E nada traduzindo de concreto quando à violência no tecido social interno a um país. Por alguma razão também, a palavra paz foi apropriada como a ausência de guerra de qualquer tipo. E ainda por alguma razão, o prémio Nobel da paz passou a ser interpretado como uma espécie de prémio de carreira, de prémio atribuído a quem tivesse, muito dignidamente pugnado durante anos por ideais de paz. Para todos os que acreditam nisto, acredito que seja profundamente estranha a atribuição do Nobel da paz a Barack Obama.
Para os outros, para os que pensam que a paz não é uma carreira militar, em que a idade é um factor de progressão é um tanto indiferente saber se Obama ganhou o Nobel 8 meses ou 8 anos após o início da sua presidência. O que deve relevar antes é o que de facto conseguiu, ou o que de facto, como disse no seu breve discurso de hoje na Casa Branca, pode induzir.
Há aqui uma distinção clara. O que Obama conseguiu, em 8 meses, já foi muito mais do que se poderia esperar. Sobretudo no plano convencional do entendimento da paz: o da concretização das relações diplomáticas como forma primordial de resolução de conflitos. Sobre isso falaremos amanhã.
Hoje quero lembrar, que a paz se faz também combatendo a crise. Que a paz se faz minorando o sofrimento social dentro de portas. E, preferencialmente, exportando esse esforço de paz social. O plano de combate à crise com uma receita keynesiana, cozinhado por Obama e pelos seus assessores, no período em que era apenas Presidente Eleito, serviu de modelo aos países que tiveram a coragem de o seguir nos pacotes de estímulos. E nas injecções de capital no sector bancário. O colapso de Setembro de 2008 mostrara bem os efeitos devastadores da crise financeira na economia real.
Ao minorar a chaga social americana, promovendo a recuperação económica, mas ao ousar mais do que esperei e avançar em simultâneo com um ambicioso programa de reforma da saúde pública, Obama foi mais longe. Alargou a paz a outras dimensões e fez da paz social promovida pela retoma nos EUA um estabilizador da paz social em países onde a revolta se podia instalar com a crise. Ainda em Junho, o Wall Street Journal temia um Verão de ruptura social na Europa. Que não se veio a verificar.
Obama alargou a paz às novas sustentabilidades: além da social, a ambiental e a energética. E recolocou os EUA na liderança do combate por um desenvolvimento não agressivo do ambiente. Traçou metas para o fim da dependência do petróleo e para a redução das emissões de carbono. E com ele, arrastou mais uma vez outros países ao compromisso, como se espera ver em Copenhaga.
A paz passou também por reconhecer a multipolaridade económica. Por abraçar Lula da Silva e Hu Jintao. Por não recear fazer a vénia a um rei árabe. Por ser humilde.
A história de vida de Barack Obama, o seu passado de serviço comunitário que foi gozado por Rudi Giuliani na convenção republicana, foi talvez o seu primeiro contributo para a paz.
Quanto ao resto, escrevo amanhã. Peço apenas que pensem no mundo há 1 ano. E comparem com o mundo de hoje. A diferença chama-se Obama.
Para os outros, para os que pensam que a paz não é uma carreira militar, em que a idade é um factor de progressão é um tanto indiferente saber se Obama ganhou o Nobel 8 meses ou 8 anos após o início da sua presidência. O que deve relevar antes é o que de facto conseguiu, ou o que de facto, como disse no seu breve discurso de hoje na Casa Branca, pode induzir.
Há aqui uma distinção clara. O que Obama conseguiu, em 8 meses, já foi muito mais do que se poderia esperar. Sobretudo no plano convencional do entendimento da paz: o da concretização das relações diplomáticas como forma primordial de resolução de conflitos. Sobre isso falaremos amanhã.
Hoje quero lembrar, que a paz se faz também combatendo a crise. Que a paz se faz minorando o sofrimento social dentro de portas. E, preferencialmente, exportando esse esforço de paz social. O plano de combate à crise com uma receita keynesiana, cozinhado por Obama e pelos seus assessores, no período em que era apenas Presidente Eleito, serviu de modelo aos países que tiveram a coragem de o seguir nos pacotes de estímulos. E nas injecções de capital no sector bancário. O colapso de Setembro de 2008 mostrara bem os efeitos devastadores da crise financeira na economia real.
Ao minorar a chaga social americana, promovendo a recuperação económica, mas ao ousar mais do que esperei e avançar em simultâneo com um ambicioso programa de reforma da saúde pública, Obama foi mais longe. Alargou a paz a outras dimensões e fez da paz social promovida pela retoma nos EUA um estabilizador da paz social em países onde a revolta se podia instalar com a crise. Ainda em Junho, o Wall Street Journal temia um Verão de ruptura social na Europa. Que não se veio a verificar.
Obama alargou a paz às novas sustentabilidades: além da social, a ambiental e a energética. E recolocou os EUA na liderança do combate por um desenvolvimento não agressivo do ambiente. Traçou metas para o fim da dependência do petróleo e para a redução das emissões de carbono. E com ele, arrastou mais uma vez outros países ao compromisso, como se espera ver em Copenhaga.
A paz passou também por reconhecer a multipolaridade económica. Por abraçar Lula da Silva e Hu Jintao. Por não recear fazer a vénia a um rei árabe. Por ser humilde.
A história de vida de Barack Obama, o seu passado de serviço comunitário que foi gozado por Rudi Giuliani na convenção republicana, foi talvez o seu primeiro contributo para a paz.
Quanto ao resto, escrevo amanhã. Peço apenas que pensem no mundo há 1 ano. E comparem com o mundo de hoje. A diferença chama-se Obama.
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