segunda-feira, 9 de agosto de 2010

A ESQUERDA IMPOTENTE PERANTE O NEO-LIBERALISMO…


O capitalismo liberal e financeiro nesta crise mostrou a sua face a todos-embora já muitos o tenha denunciado, desde há muito-agora, ficou claro perante milhões de pessoas desempregadas, exploradas com trabalho precário, exploradas nos seus direitos, que há uma ideologia que defende e pretende obter o máximo do rendimento dos seus capitais, sem se importar com as consequências sociais, ambientais, e humanas que isso pode acarretar.

Por outro lado, também ficou claro que perante esta crise, nem a esquerda ,nem os grupos progressistas, nem a cidadania, nem os movimentos sindicais tiveram qualquer capacidade de resposta perante o seu desenrolar .

Os Estados, no início, tiveram de ajudar os bancos que ameaçavam falência, receando um efeito em cadeia, com o destroço total da economia, e quanto maiores eles fossem maior era o perigo, mas fizeram no sem lhes perguntar porque é que tinham chegado àquela situação, e sem lhes exigir contrapartidas futuras, ou regras de funcionamento mais claras.

Depois, entraram em cena novos capítulos do espírito neo-liberal, traduzidos para nós, nos Pactos de Estabilidade, exigindo reduções drásticas dos deficits públicos dos Estados.


A liderar esta filosofia aparece a Alemanha , depois do esforço que fez para integrar a sua zona Oriental, e quem encabeça esta luta é o partido Democrata Cristão da Senhora Merkel, virando-se desta feita para os três estados do Sul da Europa, onde há ainda governos sociais democratas, Espanha, Grécia e Portugal, depois da derrota trabalhista em Inglaterra.
Estes Estados perante a correlação de forças internacionais e europeias, não tiveram alternativas senão submeter-se aos ditames da política europeia, personalizada no Banco Central Europeu, encarnação bancária da ideologia neo liberal.

Entretanto, nem os sindicatos, nem os intelectuais de esquerda, nem os partidos progressistas, conseguiram até ao momento, encontrar um manifesto conjunto, uma plataforma de acção que expressasse o seu protesto, e o seu desespero, perante medidas tão violentas impostas aos que menos responsabilidade têm na crise, mas são, os que mais a vão pagar, todos os trabalhadores em diferentes escalões da sociedade.


Enquanto as forças neo-liberais tratam os seus problemas a nível global, vide europeu esquerda e as forças progressistas ainda não sabem trabalhar sequer, a nível Ibérico, quando mais europeu!
Era necessária uma resposta conjunta , articulada do movimento sindical, uma resistência legítima, com os partidos de esquerda e progressistas, sem populismos, mas apresentando respostas possíveis para a conjuntura.

A crise está para durar, logo, é tempo dos sindicatos em diálogo com todas as forças políticas progressistas e descontentes com a situação, sem esquecer a Cidadania, fazerem propostas conjuntas a nível da solidariedade europeia para estancar o ataque sem freio, das multinacionais e da ideologia neo-liberal , mas não esqueçamos que o problema é político, e não exclusivamente sindical

Se a esquerda europeia ,se quer opor a isto tudo, tem de saber articular -se, e a lutar e trabalhar. Desde já, nós aqui, ao nível ibérico, logo depois, à escala europeia. E toda a esquerda ao nível europeu.
António Serzedelo

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