Umas das teses que se vão ouvindo por aí é que foram os países do sul que se ajeitaram à especulação o que, em certa medido, pode ser verdade. Mas aquilo de que todos os analistas, sem excepção, falam é do contágio da crise grega a alguns países com contas públicas fragilizadas, isto é, a desconfiança em relação às contas aldrabadas da Grécia pode estender-se às contas de Portugal e da Espanha.A verdade é que quando o governo português, à semelhança de outros países com ou sem eleições, decidiram dar largas ao défice as oposições não se opuseram e Bruxelas, mais preocupada com o crescimento do que os mercados financeiros, deu o avalÉ verdade que os países que estão na mira da especulação estão fragilizados e que a Grécia ultrapassou todos os limites aceitáveis para um país que aceitou as regras do Euro, mas também é verdade que os países do Euro nem criaram os mecanismos para responder a ataques especulativos, nem reflectiram sobre as consequências e desequilíbrios gerados pela criação da nova moeda. Existe algum oportunismo quando se pretende levar os especuladores a centrar a sua atenção nos países do sul pois a bandalhice contabilística na Europa é generalizada e são muitos os casos de recurso à contabilidade criativa para disfarçar os défices públicos, criatividade que tem sido aceite pela Comissão Europeia e pelo seu serviço de estatística. E não são os países do sul os mais criativos. Compreende-se a dureza das medidas que os países "certinhos" da Europa exigem a países como Portugal e Espanha, os seus governantes sabem muito bem que têm rabos-de-palha e a crise pode chegar a outros países. A verdade é que muitos ministros das finanças da Europa se têm comportado como o mesmo nível de responsabilidade dos administradores da Lehman Brothers e de outros bancos que originaram a crise do 'subprime'. É uma pena que os mesmos políticos que nos últimos dois anos negaram a existência de uma crise internacional ou que tentaram fazer-nos crer que esta nos passou ao lado e tudo o que por cá se passa é culpa do governo, abdiquem agora da seriedade na avaliação da situação do Euro para concluírem que as culpas da especulação nos mercados são estritamente domésticas. É lamentável a falta de seriedade e até de nacionalismo por parte dos nossos políticos incluindo alguns professores de médio nível que gostam muito de exibir os seus vastos conhecimentos de economia. Esperemos que a crise não alargue a outros países, eu teria razão mas o país pagaria uma factura muito elevada.
quinta-feira, 20 de maio de 2010
EURO? QUANTO NOS CUSTA!...
Umas das teses que se vão ouvindo por aí é que foram os países do sul que se ajeitaram à especulação o que, em certa medido, pode ser verdade. Mas aquilo de que todos os analistas, sem excepção, falam é do contágio da crise grega a alguns países com contas públicas fragilizadas, isto é, a desconfiança em relação às contas aldrabadas da Grécia pode estender-se às contas de Portugal e da Espanha.A verdade é que quando o governo português, à semelhança de outros países com ou sem eleições, decidiram dar largas ao défice as oposições não se opuseram e Bruxelas, mais preocupada com o crescimento do que os mercados financeiros, deu o avalÉ verdade que os países que estão na mira da especulação estão fragilizados e que a Grécia ultrapassou todos os limites aceitáveis para um país que aceitou as regras do Euro, mas também é verdade que os países do Euro nem criaram os mecanismos para responder a ataques especulativos, nem reflectiram sobre as consequências e desequilíbrios gerados pela criação da nova moeda. Existe algum oportunismo quando se pretende levar os especuladores a centrar a sua atenção nos países do sul pois a bandalhice contabilística na Europa é generalizada e são muitos os casos de recurso à contabilidade criativa para disfarçar os défices públicos, criatividade que tem sido aceite pela Comissão Europeia e pelo seu serviço de estatística. E não são os países do sul os mais criativos. Compreende-se a dureza das medidas que os países "certinhos" da Europa exigem a países como Portugal e Espanha, os seus governantes sabem muito bem que têm rabos-de-palha e a crise pode chegar a outros países. A verdade é que muitos ministros das finanças da Europa se têm comportado como o mesmo nível de responsabilidade dos administradores da Lehman Brothers e de outros bancos que originaram a crise do 'subprime'. É uma pena que os mesmos políticos que nos últimos dois anos negaram a existência de uma crise internacional ou que tentaram fazer-nos crer que esta nos passou ao lado e tudo o que por cá se passa é culpa do governo, abdiquem agora da seriedade na avaliação da situação do Euro para concluírem que as culpas da especulação nos mercados são estritamente domésticas. É lamentável a falta de seriedade e até de nacionalismo por parte dos nossos políticos incluindo alguns professores de médio nível que gostam muito de exibir os seus vastos conhecimentos de economia. Esperemos que a crise não alargue a outros países, eu teria razão mas o país pagaria uma factura muito elevada.
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3 comentários:
Já sei:
O teu raciocício é luminosamente linear.
É como se pensasses assim: Fazes, supostamente, uma dívida de um milhão, que, a julgar pelas evidências, não vais poder pagar. De quem é a culpa?
Evidentemente. Evidentemente que a culpa não é a tua. Tus és um cândido anjo inocente. A culpa, esse mafarrico miserável, essa é dos palermas que deixaram que embolsasses o milhão.
É assim que pensa gente como tu.
O Sócrates, por exemplo.
Para o comprovares, vê, abaixo, a opinião do insuspeito esquerdista Baptista Bastos (com p antes do t)!!!
http://www.jornaldenegocios.pt/index.php?template=SHOWNEWS_OPINION&id=426847
O imenso desprezo
Conheço, no nosso país, pouca gente viva que tenha tantos inimigos dissimulados ou manifestos, tantos adversários furiosos ou larvares, tantos opositores ressentidos ou cheios de verdete - como José Sócrates. O homem é, de certeza, um mau primeiro-ministro, mas possui uma pele de crocodilo e uma alma coriácea. Jornais, rádios, televisões, comissões disto e daquilo, comentadores do óbvio e articulistas assanhados, gente de meia-tijela e intelectuais briosos, todos, sem excepção, têm molhado a sopa no primeiro-ministro.
É claro que ele dá o flanco: é arrogante; diz uma coisa para alinhar outra, logo a seguir; não escuta ninguém; ignora conselhos; não cede às evidências; tem dado cabo, sistematicamente, do PS, e não esconde o furor quando se lhe opõem. O caso Manuel Alegre é um clássico, apenas um entre muitos.
Por vezes, Sócrates assemelha-se a José Mourinho. Este proclama-se o Número Um, irrita toda a gente, às vezes merecia um par de estalos - é tudo verdade; porém, onde toca, como Midas, faz ouro. Ganha campeonatos, tira clubes da desgraça, forja vencedores, enfrenta as armadilhas e a Imprensa lá de fora (cujas garras e métodos fazem com que a nossa pareça uma litografia pastoril) - mas não aldraba, não omite, dispõe de uma dignidade sem par.
Sócrates é o que se sabe, o que se vê, o que se lê e o que se ouve. O produto típico de uma era de vazio. Fala e não diz nada, à maneira dos antigos tribunos, sem ideias de seu, sem convicções, mas com um discurso fluido e escorreito, por alguns tido como produto de um bom utente da língua. O vocabulário é muito pobre, a estrutura verbal escassa de nuances, alguns conflitos com a preposição. Nada de mal adviria ao mundo, caso o palavreado de Sócrates não fosse, como é um emaranhado de vícios semânticos e uma floresta de enganos que a todos nós atinge.
Baptista Bastos
(Continua)
http://www.jornaldenegocios.pt/index.php?template=SHOWNEWS_OPINION&id=426847
O imenso desprezo (Continuação)
Provou-o, uma vez mais, na última entrevista à RTP. A habilidade retórica sobrepôs-se, de novo, à razão e à coerência. Judite de Sousa (de longe a maior entrevistadora portuguesa, homens e mulheres incluídos) e José Alberto Carvalho, digno e decente jornalista, não conseguiram enfrentar aquele turbilhão de frases. Eles bem tentaram abrir uma brecha no muro. Impossível.
Sobressaiu a descortesia para com Pedro Passos Coelho, com aquela de não ter de pedir desculpa, por estar a realizar a sua tarefa; mas devia pedi-la, exactamente por não a ter cumprido e haver mentido aos seus compatriotas. Acrescente-se a insana afirmação de que Portugal, e não ele, José Sócrates, está devedor ao PSD. Independentemente das grosserias, da fúria incontida nas expressões do rosto, o primeiro-ministro destina-se a si mesmo um futuro único, grandioso e exemplar.
Nesta fase de Sócrates chego a sentir compaixão pela notória desorientação mental, porque da moral já nem sequer aludo. Este homem presume-se o Mourinho da política; porém, faltam-lhe as vitórias e, sobretudo, faltam-lhe a majestade, a nobreza de carácter - para lhe sobrar a soberba sem sentido, a vaidade quase esquizofrénica, a egolatria desmesurada.
Ele sabe que não possui armas nem trunfos para governar sozinho. Devia saber que, para estabelecer coligações (sejam elas ou não criticáveis e absurdas) tem de proceder a cedências, de realizar compromissos. Ninguém conhece o teor dos compromissos; mas alguns devem ser - e provavelmente, com maiores transigências de Sócrates do que temporizações de Passos Coelho.
Tudo isto é muito triste porque tudo isto é muito pequeno, minúsculo, com a ausência de magnitude, desprovido de dimensão. Pode José Sócrates dizer o que disser, expor as máscaras que desejar, mas as conclusões serão dramáticas para a pessoa, para o político. Sobretudo, para o País, que tem sido posto à prova com uma violência arrepiante. Temos pago os erros, os despautérios, as malandrices, as incompetências e os disparates de uma "classe" política que nos despreza, embora seja ela que merece o nosso mais absoluto desdém.
Claro que esta coligação entre o PS e o PSD não leva a coisíssima nenhuma. É histórico. E a circunstância de Sócrates e os seus desígnios serem objecto da execração de múltiplos sectores da sociedade portuguesa, indicam que as coisas não são e não serão tão bondosas como seria desejável.
Baptista Bastos
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