Para ficar desde o início tudo muito claro: o que os bancos portugueses estão a reivindicar é que uma parte da dívida deles seja transferida para o Estado. Vamos então aos detalhes.
Em primeiro lugar, não está em causa, como já li (inclusive no Wall Street Journal), que o Estado português pague o que lhes deve, mas que antecipe esses pagamentos.
Em segundo lugar, os banqueiros argumentam que se endividaram junto do Banco Central Europeu para financiarem o Estado português. Não é exacto: foi o Banco Central Europeu que, para os financiar quando deixaram de conseguir fazê-lo diretamente no mercado, lhes exigiu como garantia títulos da dívida pública portuguesa.
Evidentemente, a presente situação é desagradável para os bancos, visto que para cumprirem as regras que o BCE lhes impôs terão que vender activos ou reforçar os seus capitais próprios (mais provavelmente, uma combinação das duas coisas).
Seja como for, a sua rentabilidade baixará. Mas por que raio haverão os bancos de serem dispensados de partilhar - aliás, muito moderadamente - os sacrifícios que sobre todos nós pesam? Com que direito reivindicam um tratamento de favor que, ainda por cima, resultaria num acréscimo da dívida a pagar pelos seus compatriotas?
Há em tudo isto muita falta de bom senso, especialmente chocante quando vemos envolvida nestas manobras a sempre submissa Caixa Geral dos Depósitos.
Jugular
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