domingo, 13 de março de 2011

A MANIF DA GERAÇÃO À RASCA....


O grande obstáculo da dita “geração à rasca” que hoje se manifestou de modo impressivo e alegre por todo o País é o mercado de trabalho. Aqueles que já tendo ingressado constituem “a geração dos 700€” e muitos continuam à procura de um lugar. Hoje, este mercado caracteriza-se por oferecer más condições laborais, índices remuneratórios baixos, desajustamento entre as prestações e a formação recebida e, mais grave, altas taxas de desemprego. Este o leitmotiv da manifestação.

A disfuncionalidade do mercado de trabalho bem como a disputa (procura) por postos de trabalho que envolvem grande número de candidatos foi um facto que levou as entidades patronais a distorcer as condições de trabalho: sonegação de benefícios sociais, precariedade e sub-emprego. Um outro motivo desta manifestação.
Os sectores mais tecnológicos da Economia exigem bons níveis de formação mas são somíticos nas retribuições financeiras e sociais. Há frequentes desvios ocupacionais, i. e., muitos mantêm um emprego em nada relacionado com a sua formação. Os meios de acesso aos postos de trabalho são frequentemente enviesados e tributários de indicações pessoais (compadrio) ou de favorecimento partidário. Os centros de emprego, anúncios, agências e associações profissionais terão um papel pouco relevante.

Por outro lado, muitos jovens não preenchem um requisito muitas vezes importante para o empregador: não possuem experiência profissional. É neste contexto que se abrem as portas para estágios. Muitos deles não remunerados. De facto, as empresas não concebem estes estágios como um investimento em recursos humanos.

Mas, por outro lado, muitos dos candidatos aos novos empregos que ao longo da sua formação se envolveram num processo ultra-competitivo de formação não foram capazes de se entrosar em processos culturais. Esta circunstância aliena-os do Mundo e prejudica a actividade criativa e inovadora muito valorizada nas modernas empresas.
Dificulta-lhes o acesso ao trabalho.

Outros, provavelmente, também muitos, mantiveram-se à margem da política, alguns fazem gala de se apresentar como “despolitizados”, têm dificuldades em aceitar os modelos da sociedade democrática e muitas vezes entram em confrontos de valores.
Todavia, mesmo divorciados de uma prática de cidadania, a capacidade destes jovens em contestar o poder é inata, embora tenham dificuldades em apresentar projectos alternativos.
Mais, perante um país a viver um drama social tão profundo, facilmente se geram atitudes políticas de indignação.
Apesar de todos os condicionamentos das Escolas que vão formando a actual geração, a juventude sempre se colocou na vanguarda do julgamento dos homens públicos.

Por estas razões a manifestação da “geração à rasca” sempre levantou reservas ao stablishment político. Para eles (os jovens candidatos ao mercado de trabalho) os políticos não são entes confiáveis.

Muitos deste jovens – fora do circuito de formação – estão sujeitos a um brutal processo de massificação em regra dominado por valores conservadores. Um processo influenciado pela televisão, redes sociais e uma secreta ânsia de abranger o Mundo.
Deste modo a profissão e a realização pessoal dominam as ambições profissionais e, por outro lado, ter casa, arranjar companheiro(a), criar filhos, automóvel, etc. são condições de bem-estar que preenchem a vertente da realização pessoal.


Algumas das entrevistas transmitidas pela TV, durante a mega manifestação de hoje, corroboram estes percursos…

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