terça-feira, 29 de março de 2011

CAVACO: GARANTE "COMPROMISSO INEQUÍVOCO" COM O PEC..."COITADO" DEPOIS DE TUDO!...


Alto e para o baile. Cavaco Silva vai falar.


O Presidente da República ainda não falou ao país, mas já anda a ensaiar uma resposta para os mercados internacionais. Cavaco Silva garantiu ontem à Bloomsberg que o PSD, PS e CDS vão assumir as obrigações do Estado Português.

"Os três maiores partidos asseguraram ao Presidente o seu compromisso inequívoco em relação à consolidação orçamental e os objectivos da redução do défice anunciados pelo Estado Português por forma a garantir a trajectória de sustentabilidade da dívida pública"

Se houvesse margem para dúvidas, fica bem claro que a austeridade selectiva vai-se intensificar. Austeridade ao Povo, pois claro. E os bancos, pá?


segunda-feira, 28 de março de 2011

ISTO NÃO VAI MELHORAR; SÓ VAI PIORAR E MUITO!...


As notícias não são animadoras. Mas há quanto tempo é que as notícias o não são? Vivemos no interior de muitos medos e parece que ninguém é capaz de os aniquilar ou, pelo menos, de os atenuar. Possuímos uma larga, histórica, dir-se-ia que fatal experiência do medo. Temos sobrevivido entre a resignação e a revolta cabisbaixa. Entretanto, fomos alimentando a esperança, sempre fugidia, de que as coisas iriam melhorar. Os dias de amanhã seriam melhores e mais belos. Tivemos uns fogachos de alegria, seja dito; porém, há quem deteste que sejamos felizes, mesmo mitigadamente.

O Governo CAIU!...
O estrondo foi grande. Já se previa. O pior é que o pior está para vir. E o putativo substituto de Sócrates não o esconde. O pouco que resta do 25 de Abril, Passos Coelho encarregar-se-á de remover.

A preguiça, a indiferença e, até, a cobardia podem explicar as razões por que chegámos aonde estamos. Ainda conseguimos concentrar energias para encher praças e avenidas com os nossos protestos. Não têm servido para muito. A democracia portuguesa está reduzida a um funcionamento processual, que limitou, dramaticamente, os horizontes das nossas escolhas, dos nossos valores e dos nossos sonhos. Recalcitramos, mas de muito pouco nos vale.

No tempo do fascismo os estribilhos eram, entre outros: "Quem manda?", "Salazar! Salazar! Salazar!" E as respostas, em forma de certezas inabaláveis: "Quem viva?", "Portugal! Portugal! Portugal!" Simultaneamente, a submissão, e o seu suporte simbólico. São os netos de Salazar que se perfilam para ocupar o poder. O sentido de pluralidade, que dá corpo e razão à democracia, foi abreviado pela sede de ir ao "Pote", que o PSD e CDS tanto gostam, mesmo que para isso tenham que abandalhar mais o país, foi o caso, nada de novo vão trazer antes pelo contrário.

Passos Coelho já disse no que vai avançar logo que puser a mão no "pote", privatizar 49% da CGD, privatizar a TAP e as empresas de transportes ferroviários e rodoviários, bem como privatizar a companhia de seguros Fidelidade (detida pela CGD). Além de querem governar com o FMI para poderem aplicar todas as politicas liberais na Educação, Saúde e emagrecimento do Estado (despedimentos na FUNÇÃO PÚBLICA), como forma de reduzir o défice, também melhor acabar de vez com o estado social.

Atingimos uma situação extraordinária: somos dissidentes de nós próprios. A "democracia da desconfiança" atingiu-nos com tal violência que ficámos incapazes de nos desembaraçar da tenaz, astutamente formada pelo "mais importante" partido. "Mais importante" porquê? E os outros? São, apenas, elementos decorativos? Não fazem parte da participação (que deveria ser permanente) dos cidadãos nos domínios políticos?
E Cavaco?
O excelso presidente da república, que, aí há uns tempos, interrompeu as suas férias e as de todos nós para, de uma forma muito anunciada e especulada, falar desse assunto tão sério como o estatuto dos Açores, acabou de anunciar a aceitação do pedido de demissão do governo no... site oficial da presidência.
Isto é só para mostrar a importância que sua excelência nos dá e ao País e que dará perante uma governação ultra liberal do PSD/CDS...
Seremos tratados como ratos de laboratório, para experiências da direita com um presidente que escolheu ser presidente só de alguns, nem de todos os que nele votaram...
E ASSIM VAI E FICARÁ PORTUGAL!

domingo, 27 de março de 2011

E porque não eleições presidenciais antecipadas?


Se a conspiração promovida a partir de Belém tentando acusar um governo de fazer escutas ao Presidente da República tivesse ocorrido nos EUA dificilmente Cavaco Silva teria terminado o mandato. Este foi apenas um dos episódios em que a Presidência da República se envolveu em manobras contra um primeiro-ministro democraticamente eleito. Mas como estamos numa democracia em que os políticos põem os seus objectivos pessoais acima dos valores Cavaco recandidatou-se e apesar de ter vencido as presidenciais por uma margem mínima foi eleito.

Não esperou muito e logo no discurso de posse abriu uma crise política que ganhou expressão com o chumbo do PEC, ainda antes de este ser discutido no parlamento já Manuela Ferreira Leite, de quem ninguém dúvida que diz o que Cavaco pensa, liderava a luta por eleições antecipadas, fê-lo na reunião do grupo parlamentar e não admira que tenha sido ela a liderar o PSD no debate sobre o PEC IV. E para que não restassem dúvidas uns dias antes da queda do governo o mandatário nacional da candidatura presidencial de Cavaco Silva e Conselheiro de Estado, homem pouco dado a entrevistas e muito menos a actividade política, deu uma entrevista declarando que não havia alternativa a eleições antecipadas.

Pedro Passos Coelho não passou de uma marioneta em toda esta crise e é no mínimo estranho que a sua primeira decisão tenha sido pedir uma audiência a Cavaco Silva (ou terá antes sido convocado?) de onde saiu dizendo que ia chumbar o PEC. Entretanto, o Presidente que sabia muito de economia, que ia ter uma magistratura activa e que não queria uma segunda volta das presidenciais por causa dos mercados financeiros ficou em silêncio enquanto os habituais assessores anónimos de Belém iam passando a mensagem de que Cavaco considerava Sócrates culpado e que não ia fazer nada.

É evidente que as próximas eleições legislativas não serão uma luta eleitoral entre o líder do PSD e José Sócrates, Passos Coelho não passa de um peão de brega de Cavaco Silva tal como Manuela Ferreira Leite já o tinha sido nas últimas eleições legislativas. Pedro Passos Coelho não era o preferido de Cavaco Silva, esse estatuto pertencia a Rangel que perdeu apesar da discreta ajuda que recebeu, mas isso pouco importa a Cavaco, da mesma forma que deixou cair Manuela Ferreira Leite quando foi desmontada a mentira das escutas, mais facilmente deixará cair Pedro Passos Coelho por quem, aliás, não nutre grande consideração. Mas, enfim, quem não tem cão caça com gato, neste caso com coelho.

Na sua luta com Sócrates o Presidente da República ficou calado perante a conspiração do seu assessor Fernando Lima, chamou a Belém o sindicalista PSD dos magistrados dando expressão às insinuações de que Sócrates teria feito pressão sobre os magistrados, fez declarações insidiosas no caso do negócio da TVI e agora não hesita em empurrar o país para uma situação de insolvência. Compreende-se, Cavaco queria ficar na história como o político mais impoluto e competente, quanto ao impoluto foi o que se viu e quanto ao competente começa-se a perceber que não suporta a sombra que Sócrates lhe possa fazer. Deve ser difícil de ouvir Sócrates dizer que outros governos ficaram conhecidos como os governos do betão, enquanto o seu ficará conhecido pelo governo do saber e da ciência.

Se destas eleições resultar um governo sem maioria absoluta ou, pior ainda, se Sócrates ganhar, não serão os lideres partidários vencidos eleitoralmente que serão os derrotados, o grande derrotado será o país, os portugueses e a democracia e o grande responsável por esta situação será Cavaco Silva. Nesta situação fará mais sentido a realização de eleições presidenciais antecipadas do que as eleições legislativas que se vão realizar. E se a direita ganhar não atingirá o velho projecto de Sá Carneiro, a direita ter o governo e a presidência, será Cavaco que será o presidente e o primeiro-ministro, isto é, tenderá a ser um caudilho eleito por alguns portugueses para mandar em nome dos que o elegeram.

Cavaco é o pior presidente na história da democracia portuguesa, isto para não o comparar com Carmona ou Américo de Tomaz, é um político que não está à altura do cargo e não tem qualidades políticas para que seja reconhecido como o presidente de todos os portugueses.

sexta-feira, 25 de março de 2011

ABERTA A CAIXA DE PANDORA


Tal como pairava no ar, Pedro Passos Coelho, em Bruxelas, num encontro com os seus parceiros do Partido Popular Europeu [Centro-Direita], mete os pés pelas mãos.

Primeiro, afirma não ter um “conhecimento completo da situação financeira…” link pelo que não é capaz de propor medidas concretas.
Por este caminho e como as eleições vão demorar cerca de 3 meses, pensará o dirigente do PSD ser possível “suspender “ o País durante tão dilatado tempo?
Claro que, nos contactos havidos em Bruxelas, terá tido conhecimento que não dispõe desse tempo.
O Estado precisa de financiar-se a curto prazo e são insuportáveis os juros das Obrigações de Tesouro [em todas as “maturidades”]. De facto, as agências de notificação financeira - no seguimento da crise política - começaram a depreciar o rating de Portugal num ritmo inexorável. link

Entretanto, por cá, o PSD exibe as primeiras e insanáveis contradições.
Confrontado com o agravamento da situação financeira decorrente da crise política, o secretário-geral Miguel Relvas link "ateou o fogo ao palheiro". Admitiu a eventualidade de aumentar o IVA para 25 %, i. e., taxando o consumo, mas como o seu próprio partido reconhece trata-se de um “imposto cego” link que afectará os 10 milhões de portugueses… Ao contrário do que Relvas sugere o aumento do IVA não poupa os mais desfavorecidos, atinge todos e na mesma medida.

Aliás o IVA foi um dos cavalos de batalha do PSD aquando da discussão do OE 2011…

Finalmente, Passos Coelho que se mostrou tão indignado por Sócrates ter negociado o PEC IV em Bruxelas antes de o fazer cá, ontem, andou a distribuir aos seus parceiros europeus do PPE, reunidos na mesma cidade, uma “carta-compromisso” cujo conteúdo os portugueses desconhecem… mas adivinham.
Será o PEC IV revisto e aumentado ou, para não plagiar, o PEC 5-1 = [4]!

Na verdade, o PSD quando decidiu ir ao pote acabou por, inopinadamente, abrir uma caixa de Pandora

quinta-feira, 24 de março de 2011

O MOMENTO NÃO É PARA FESTAS...


Guardem as garrafas de champanhe. O momento actual do país está longe de ser para festas.

José Sócrates fez o que lhe restava apresentando a demissão na altura certa. A governação de José Sócrates fica marcada como a mais à direita dos últimos anos, com medidas de austeridade gravíssimas e com um impacto muito negativo para o desenvolvimento da economia nacional. Fica também marcada pelo braço-de-ferro relativamente à entrada ou não do FMI, que acabou por não entrar enquanto governava. A Europa também puxa por José Sócrates. Merkel diz-se “grata” e a Europa acusa a oposição portuguesa de irresponsabilidade. A campanha do PS já começou.

O PSD por seu lado assim que começou a cheirar o poder que tentou colocar uma máscara de responsabilidade, sentido de estado ou até mesmo sensatez numa falsa ideia de calma. Do alto da sua arrogância o PSD pensava que seria possível utilizar a má reputação do governo de Sócrates para alcançar o poder. Tudo dava a entender que o iria conseguir. Mas até mesmo essa ideia se começou a dissipar com a aprovação do Orçamento de Estado e com a aprovação dos PECs. O que ficou claro em todos esses debates é que o PSD não é alternativa, e não é alternativa porque nunca o conseguiu ser, por não defender uma linha politica para o país claramente diferente do PS. As politicas do PSD são as mesmas do PS. Manuela Ferreira Leite confirmou isso mesmo na assembleia da republica quando defendia que o que estava em discussão não eram as medidas mas sim quem as aplicava! Está tudo dito sobre o que nos espera deste Bloco Central. No máximo poderemos esperar do PSD medidas ainda mais agressivas para as pessoas.

Este tem que ser o momento da esquerda. A resposta da direita à crise tem sido visível ao longo de meses de más governações, sobre o futuro a direita é clara, mais austeridade, mais precariedade e maior promoção de ódios sociais virando as pessoas umas contra as outras, numa tentativa de arranjar culpados para a crise que afastem a ideia de que a crise é do próprio sistema capitalista. A resposta da esquerda tem sido dada nas ruas com enormes manifestações. Não é suficiente! É preciso dar uma alternativa forte e de esquerda. É necessária a construção de um programa de governo com medidas claras e responsáveis.

O momento não é para festas. O FMI vai entrar. As pessoas se já estavam em dificuldades vão ficar ainda em pior situação. A esquerda que se prepare para as duras batalhas que se avizinham. É urgente uma esquerda que dê confiança e proteja as pessoas.

quarta-feira, 23 de março de 2011

"Oposição chumba medidas que podiam salvar Portugal"


Brussels fears Lisbon left rudderless:
    Just 24 hours before Europe’s presidents and prime ministers are due to gather in Brussels to finalise a deal intended to shore up the eurozone’s debt-ridden peripheral economies, one of the countries they are trying hardest to save could collapse before their eyes.

    Officials and diplomats in Brussels fear the Portuguese government’s likely failure on Wednesday to win parliamentary approval of European Union-backed austerity measures could leave Lisbon rudderless for months – particularly if José Sócrates, the prime minister, follows through with his threat to resign.

    (…)

    The problems would become even more acute if elections are called, which would likely not be held until May. Portugal must refinance €4.5bn ($6.4bn) in debt in April and another €5bn in June, and analysts remain unsure whether Lisbon has the financial wherewithal to meet those obligations. Without a government, political uncertainty could make the markets even more wary to lend.

    Even if Portugal were to ride out the storm with its government in limbo, European officials worry that failure to pass the EU-backed measures on Wednesday and Mr Sócrates’ resignation could overshadow the upcoming summit.

    “If there is a fall of the Portuguese government, we’re in trouble,” said one senior European diplomat involved in economic negotiations. “How do you sell this as a credible collective response?”
Lisbon bail-out talk agitates eurozone debt:
    This week may be important for eurozone debt markets.

    A vote on the Portuguese minority government’s austerity package is expected on Wednesday. The main opposition says it won’t back the measures and this could lead to prime minister José Sócrates’s resignation.

terça-feira, 22 de março de 2011

A OBSESSÃO PELO POTE...


Num comunicado escrito em inglês, o PSD tenta justificar perante a União Europeia o voto contra as medidas acordadas pelo governo em Bruxelas, com o argumento de que uma “coligação alargada para a mudança reforçaria a legitimidade política” para impor essas medidas.
O PSD lá saberá por que não se deu ao trabalho de divulgar em português o seu comunicado para inglês ver. Porém, depois de espremido, o que o comunicado diz é que o PSD vai votar contra as medidas agora, mas promete adoptá-las se vier a ganhar as eleições, justificando este ziguezague com a mais-valia de vir a ter o apoio de outros partidos…
O PSD não especifica com que partidos está a contar, mas como todos, à excepção do PS, já declararam estar contra as medidas, ou o PSD avalia a “coerência” dos outros partidos pela sua, ou está a contar que o PS esqueça a facada que lhe está a espetar.
Quem, na ganância de chegar ao pote, brinca com a vida dos portugueses e despreza de forma tão leviana o interesse do país, não pode esperar generosidades, nem merece o voto dos portugueses.

segunda-feira, 21 de março de 2011

QUE VENHAM ELEIÇÕES!...O VOTO NÃO SE TROCA POR FAVORES.


Assistimos, durante esta última semana, ao enovelar de uma novela. O Primeiro-Ministro fez aquilo que não podia fazer ao ter comunicado, de Bruxelas, mais um pacote de medidas de austeridade, para os próximos anos, sem que antes tivesse tido o suficiente respeito pelas instituições do seu país para as informar do que, segundo ele próprio, seria indispensável para o equilíbrio e para a confiança internacional.

Desastrado ou maquiavélico, esse foi um ponto de não retorno. Assim como as várias declarações públicas de membros do governo e do PS chamando o PSD ao compromisso, após este já ter sido assumido pelo governo. As explicações sobre o congelamento das pensões não convenceu ninguém, a prestação de António Costa na Quadratura do Círculo foi, para dizer o mínimo, uma manobra deselegante e pouco credível, tentando responsabilizar Teixeira dos Santos pela jogada política do governo e de Sócrates.

Passos Coelho aguardava uma oportunidade para fazer cair o governo, sem ficar com o ónus de desencadear uma crise política. Dentro do PSD a espera começava já a fazer vítimas, estando a apertar-se-lhe o cerco. Sócrates deu-lhe um excelente pretexto.

Logo a seguir ao discurso de tomada de posse de Cavaco Silva defendi que o governo deveria apresentar uma moção de confiança à Assembleia da República para que os partidos assumissem as suas responsabilidades. Neste momento penso que o melhor é avançarmos para eleições e, ao contrário de Medeiros Ferreira, acho que José Sócrates se deve apresentar à frente do PS.

Em nome da estabilidade política tem-se mantido uma situação instável, à beira do precipício, com dramatizações em catadupa. A crise continua e o sobressalto que todos sentimos não é cívico, é depressivo. Não se aguenta mais esta situação de histeria, manipulação informativa e barragens de propaganda. Não há mercados, crises ou Bruxelas que me convençam que é melhor continuar assim. Em democracia estes problemas resolvem-se com eleições. Venham elas.

quarta-feira, 16 de março de 2011

O REGRESSO AO PASSADO!...


Importa que os jovens deste tempo se empenhem em missões e causas essenciais ao futuro do país com a mesma coragem, o mesmo desprendimento e a mesma determinação com que os jovens de há 50 anos assumiram a sua participação na guerra do Ultramar.

Este é o nosso Presidente da República. Em ditadura, com o analfabetismo e a falta de liberdade de expressão de pensamento, tudo o que os jovens queriam, desprendidos e corajosos, era ir à guerra, defender os territórios ultramarinos.

Salazar também assim pensava. Que os jovens queriam, corajosa e desprendidamente, defender o Ultramar. Era essa uma causa maior, ao serviço da nação.

Os jovens que estiveram envolvidos na guerra do Ultramar, que não puderam ter sobressaltos cívicos para se negarem a fazê-lo, que não puderem manifestar-se nas suas cidades contra a guerra e a miséria, mereciam bem melhor homenagem.

terça-feira, 15 de março de 2011

"A PRIMEIRA GERAÇÃO DA HISTÓRIA QUE VAI VIVER PIOR QUE OS PAIS"


Será verdade que os jovens de hoje serão a primeira geração da história que vai viver pior do que os seus pais?

Acredito que um médico filho de um médico ou um advogado filho de um advogado dificilmente alcançará o nível de vida dos seus pais. Pela simples razão de que, não tendo a procura de médicos e advogados crescido tão depressa quando a oferta, as respectivas competências sofreram uma desvalorização relativa, bem notória no facto de essas e outras profissões qualificadas terem perdido algo do seu prestígio social.

Acontece, porém, que a grande maioria dos novos licenciados não são filhos de gente com estudos. Bem pelo contrário, nasceram e cresceram em famílias de pequenos funcionários, empregados administrativos, comerciantes ou mesmo, em muitos casos, trabalhadores da indústria e da agricultura.

Ora, não pode haver dúvidas de que estes viverão muito melhor que os seus pais. Trata-se, aliás, de um facto de mera observação, sem necessidade de comprovação estatística, para qualquer pessoa que ande por cá há algum tempo e tenha uma moderada preferência por abrir os olhos à realidade.

Mas quem só acredita em números pode mais uma vez ir aqui para verificar que os jovens de hoje ganham em termos reais 10% mais do que os jovens de há uma dúzia de anos.

Gaita, como é que certas pessoas têm imaginação para inventar tanta treta?

domingo, 13 de março de 2011

A MANIF DA GERAÇÃO À RASCA....


O grande obstáculo da dita “geração à rasca” que hoje se manifestou de modo impressivo e alegre por todo o País é o mercado de trabalho. Aqueles que já tendo ingressado constituem “a geração dos 700€” e muitos continuam à procura de um lugar. Hoje, este mercado caracteriza-se por oferecer más condições laborais, índices remuneratórios baixos, desajustamento entre as prestações e a formação recebida e, mais grave, altas taxas de desemprego. Este o leitmotiv da manifestação.

A disfuncionalidade do mercado de trabalho bem como a disputa (procura) por postos de trabalho que envolvem grande número de candidatos foi um facto que levou as entidades patronais a distorcer as condições de trabalho: sonegação de benefícios sociais, precariedade e sub-emprego. Um outro motivo desta manifestação.
Os sectores mais tecnológicos da Economia exigem bons níveis de formação mas são somíticos nas retribuições financeiras e sociais. Há frequentes desvios ocupacionais, i. e., muitos mantêm um emprego em nada relacionado com a sua formação. Os meios de acesso aos postos de trabalho são frequentemente enviesados e tributários de indicações pessoais (compadrio) ou de favorecimento partidário. Os centros de emprego, anúncios, agências e associações profissionais terão um papel pouco relevante.

Por outro lado, muitos jovens não preenchem um requisito muitas vezes importante para o empregador: não possuem experiência profissional. É neste contexto que se abrem as portas para estágios. Muitos deles não remunerados. De facto, as empresas não concebem estes estágios como um investimento em recursos humanos.

Mas, por outro lado, muitos dos candidatos aos novos empregos que ao longo da sua formação se envolveram num processo ultra-competitivo de formação não foram capazes de se entrosar em processos culturais. Esta circunstância aliena-os do Mundo e prejudica a actividade criativa e inovadora muito valorizada nas modernas empresas.
Dificulta-lhes o acesso ao trabalho.

Outros, provavelmente, também muitos, mantiveram-se à margem da política, alguns fazem gala de se apresentar como “despolitizados”, têm dificuldades em aceitar os modelos da sociedade democrática e muitas vezes entram em confrontos de valores.
Todavia, mesmo divorciados de uma prática de cidadania, a capacidade destes jovens em contestar o poder é inata, embora tenham dificuldades em apresentar projectos alternativos.
Mais, perante um país a viver um drama social tão profundo, facilmente se geram atitudes políticas de indignação.
Apesar de todos os condicionamentos das Escolas que vão formando a actual geração, a juventude sempre se colocou na vanguarda do julgamento dos homens públicos.

Por estas razões a manifestação da “geração à rasca” sempre levantou reservas ao stablishment político. Para eles (os jovens candidatos ao mercado de trabalho) os políticos não são entes confiáveis.

Muitos deste jovens – fora do circuito de formação – estão sujeitos a um brutal processo de massificação em regra dominado por valores conservadores. Um processo influenciado pela televisão, redes sociais e uma secreta ânsia de abranger o Mundo.
Deste modo a profissão e a realização pessoal dominam as ambições profissionais e, por outro lado, ter casa, arranjar companheiro(a), criar filhos, automóvel, etc. são condições de bem-estar que preenchem a vertente da realização pessoal.


Algumas das entrevistas transmitidas pela TV, durante a mega manifestação de hoje, corroboram estes percursos…

sexta-feira, 11 de março de 2011

A MANIF. DOS DESENRASCADOS...ENRASCADOS!?...


Desenrasquem-se! Porque não alinho com os supostos enrascados...

Porque não me parece que o movimento não me parece que seja tão espontâneo quanto quer fazer crer, evidenciando sinais de organização como a tentativa de boicote de um comício de um partido democrático. Ninguém vai espontaneamente para boicotar um comício “armado” de megafone.

Porque desconfio de um movimento com fortes apoios e patrocínios por parte de alguma comunicação social, com direito, por exemplo, a uma coluna permanente na edição online do jornal Expresso.

Porque desconfio de movimentos que visam directamente o ataque ao poder democraticamente eleito, bem como de manifestações que são supostamente contra a classe política instalada que contam com o apoio de toda essa classe política instalada, tendo mesmo o alto patrocínio de Cavaco Silva, Presidente da República e o político que se diz não político mas que foi quem durante mais tempo esteve à frente dos destinos do país (um governo como ministro das Finanças, parte de uma legislatura como primeiro-ministro, duas legislaturas como primeiro-ministro sem oposição, um mandato como presidente com direito a mais outro mandato presidencial), sendo o grande mentor do modelo social e económico de que os enrascados se queixam.

Porque os meninos-bem que têm dado a cara pelo movimento estão longe de representar os jovens que enfrentam maiores dificuldades, esses à hora da manifestação estarão a fazer reposições em supermercados e a desenrascar-se como podem. Não posso confundir o jovem que não tirou qualquer curso e não teve acesso a formação profissional ou os jovens licenciados em engenharia vítimas da crise na construção civil, ou jovens arquitectos ou advogados vítimas da proletarização forçada para proveito de grandes arquitectos e advogados instalados, com jovens que optaram por licenciaturas em violoncelo, comunicação e relações diversas que acham que as empresas têm de os empregar mesmo sem disporem de qualificações profissionais.

Porque as suas motivações são motivadas pelos seus interesses pessoais e mais do que protestar contra gerações de políticos que se amanharam e trespassaram as dívidas para as futuras gerações pretendem ter direito a um modelo de direitos adquiridos que já faliu. Mais do que os problemas do país e a busca de soluções pretendem a continuação de um modelo social inviável.

Desconfio de um movimento que junta jovens defensores da ditadura do proletariado com jovens que votam em Salazar como o maior português, jovens das nossas “boas famílias” com jovens do bloco ou da JCP.

Este movimento poderá ter nascido espontaneamente mas neste momento tem muito pouco de espontâneo, os jotas de todas as organizações políticas estão envolvidos sob disfarce, a comunicação social de direita está fortemente empenhada e até assistimos ao ridículo de ver um Cavaco Silva que sempre teve horror a manifestações vir apelar à participação.

Não gosto nada de ser “comido” por parvo! Muitos dos que vejo dizerem estar à rasca sempre tiveram melhor vida do que eu e agora que acham que estão em boa idade de terem as mesmas benesses dos papás estão preocupados.

Recordo-me das últimas frases do discurso de posse de John F. Kennedy "Por isso meus irmãos americanos não perguntem o que o seu país pode fazer por vocês. Perguntem o que vocês podem fazer pelo seu país. Meus irmãos do mundo: não perguntem o que a América fará por vocês, mas o que juntos podemos fazer pela liberdade do homem."

Mesmo assim estou solidário com as gerações de todos os Pais desta geração “ à rasca”. Esses sim, que fizeram sacrifícios enormes para dar aos filhos o que, a muitos, não lhes foi dado.

Não sei porquê, sempre desconfiei desta manifestação. Cedo percebi, que havia ladrão com rabo de fora. Conhecendo as armas da esquerda arrogante, arruaceira e social-fascista (BE-PCP), estava escrito nas estrelas o propósito desta gente.
Se não, vejamos:
-Deslocar de Lisboa a Viseu para boicotar uma sessão de esclarecimento de um partido há porta fechada, levando uma câmara para filmar a ocorrência, e, assim, poder explorar o acontecimento.
-A convocação de manifestações partidárias para o mesmo sitio e à mesma hora.
-Para disfarçar, escrever no manifesto que era contra a classe politica, mas, ao mesmo tempo, não se demarcando desta, na manifestação.
-Colocação na agenda mediática a manif, com o apoio do mundo jornalístico mais conservador e difamatório.
-O apoia, dado pelo Presidente da Republica, a esta manif, e, até, como sobressalto cívico...

Em suma:
A minha solidariedade para com os jovens que de facto querem mesmo trabalhar em que área seja independentemente da sua, e não têm.
E aos Pais destes, que tudo fizeram para dar aos filhos, o que, a muitos, não lhes foi dado.

Resultado da manif . A oposição a dar uma força. As caixas dos bares a facturarem. E a juventude com os mesmos problemas, e a ser instrumentalizada por gurus.


quinta-feira, 10 de março de 2011

O PROVINCIANO FASCISTA...


O PRESIDENTE DA JUVENTUDE:

A polícia de choque do ministro Dias Loureiro em cima de tudo o que mexesse ou cheirasse a protesto, jovens e estudantes incluídos; os incentivos à não produção e ao abate na agricultura e nas pescas, disfarçados de fundos comunitários; 10 anos de Governo, 8 dos quais em maioria absoluta, ignorando tudo o que fosse opinião diferente e desprezando todo e qualquer tipo de consenso, e que foram o princípio do fim a que chegámos; o nascimento e apadrinhamento de toda uma classe de políticos, primeiro, e banqueiros depois, que tiveram o epílogo no BPP e no BPN. Cavaco Silva é a última pessoa com legitimidade neste país para lançar vibrantes apelos aos jovens e para falar em sobressaltos cívicos e em situação de emergência económica e financeira. Não apaguem a memória.

O DISCURSO ANARQUISTA:

O tosco que foi eleito por 23% dos eleitores para exercer o cargo de PR, fez um discurso de tomada de posse como se estivesse a fazer um discurso de campanha para primeiro ministro.

Portugal tem problemas graves e tem de resolve-los. É verdade.
Mas também não deixa de ser verdade que muitos desses problemas são antigos. Do tempo em que o próprio Cavaco era Primeiro Ministro e que também ele não conseguiu ou não quis resolve-los, apesar dos rios de dinheiro que na altura chegavam da Europa.
Nunca, em 30 anos de regime democrático o país teve um superavit. E só muito raramente conseguimos baixar o peso do nosso endividamento externo.

O compadrio na política deve merecer o repúdio de todos os cidadãos, porque retira oportunidades a muitos para dar a uns poucos, mas não será o Compadre de Oliveira e Costa, Dias Loureiro, Cardoso e Cunha, Ferreira do Amaral, João de Deus Pinheiro entre muitos outros que virá dar lições a quem quer que seja.
Além disso, no seu partido, nas regiões e nas autarquias, o compadrio não está propriamente em extinção.

Ao ignorar o impacto da crise internacional no estado de dificuldade em que estamos actualmente, o professor de economia mostrou que tem vistas curtas e que não tem capacidade de interpretar o mundo em que vivemos.
Muitos outros países da UE estão neste momento a partilhar as dores das dificuldades orçamentais. Grécia, Irlanda, Espanha, Itália, Reino Unido, Bélgica, entre outros, estão também com dificuldades de crescimento e com dificuldades de conter os seus défices.
Ver esse problema com algo de exclusivo de Portugal e que tem de ser exclusivamente resolvido por nós é colocar em cima dos ombros do governo mais um peso, em vez de, como lhe competia, ser institucionalmente solidário na explicação aos portugueses da necessidade de sacrifícios.

Várias forças partidárias expressaram públicos votos no sentido de que o segundo mandato presidencial de Cavaco Silva decorra sem sobressaltos, ou melhor, seja um prolongamento do anterior. Todavia, estas declarações denunciam a convicção [dessas forças políticas] de que não será assim. Nunca vivemos, no Portugal pós-Abril, um segundo mandato presidencial como uma simples replicação do primeiro. E não só porque a habitual recandidatura dos presidentes condiciona o exercício presidencial [no 1º. mandato]. Na verdade, o protagonismo presidencial perante o desempenho do Executivo, num segundo mandato, tende a acentuar-se, por uma dinâmica política própria. A reiterada confiança expressa pelo eleitorado, ao conferir o 2º. mandato, transmite ao titular do cargo a sensação do reforço e alargamento do campo de manobra político e, ao País, um sentimento de estabilidade. Temos vários exemplos disso, ditados por circunstâncias diferentes, na nossa História recente. E, no presente caso, foram sendo lançados ao País sinais que isso poderia acontecer. Passamos de uma "cooperação estratégica" [anunciada perante um Governo com maioria absoluta] ao anúncio de uma “magistratura activa” [num Governo de maioria relativa].

O discurso de posse do Presidente da República [link], não transmitiu a concreta ideia do que será essa “magistratura activa”.

De facto, Cavaco Silva, de manhã, visitou o navio-escola Sagres e, na sessão solene da AR, navegou do crucial ao conjuntural, aportando - aqui e acolá - em questões essenciais e outras marginais.

Crucial, foi a resenha sobre a evolução dos indicadores económico-sociais dos últimos 10 anos (as taxas de crescimento da economia e do rendimento nacional bruto, a deterioração do saldo da balança de rendimentos, a recessão da taxa de poupança, o desemprego e o risco de pobreza e exclusão social, etc.);

Essencial, terá sido o apelo à participação cívica (“despertar os Portugueses para a necessidade de uma sociedade civil forte, dinâmica e, sobretudo, mais autónoma perante os poderes públicos…”), o reconhecimento público de clivagens socais determinadas por desigualdades e pela pobreza, à humanização das políticas (“A pessoa humana tem de estar no centro da acção política…”), etc. ;

Balançando entre marginal e o circunstancial, foram as explanações, com claro posicionamento doutrinário (que obviamente dividem os portugueses) relativas ao investimento público, à educação, à família, etc., em que, pondo de lado a coesão nacional, confrontou concepções ideológicas da Esquerda (latu sensu) e, sem surpreender, feriu, com especial acutilância, o Governo. (Para quem seguiu em directo o discurso estas foram as passagens entusiasticamente aplaudidas pelas bancadas parlamentares do CDS/PP e PSD).

Finalmente, registo uma questão enigmática porque tratada superficialmente, talvez, levianamente. Foi patente, no discurso, um inusitado tom panfletário de estímulo à participação dos jovens na política:
“Façam ouvir a vossa voz. Este é o vosso tempo. Mostrem a todos que é possível viver num País mais justo e mais desenvolvido, com uma cultura cívica e política mais sadia, mais limpa, mais digna. Mostrem às outras gerações que não se acomodam nem se resignam.”
Estas questões como todos sabemos (incluindo os jovens para quem a mensagem foi dirigida) são mais profundas. Ultrapassam a vontade, a capacidade e a necessidade de participação na vida pública e não se dirimem pelo estímulo aos confrontos geracionais.
Muitos portugueses terão ficado na dúvida se este incitamento (oratório) se dirigia à anunciada manifestação da “Geração à Rasca”, marcada para o próximo sábado…[link]

sexta-feira, 4 de março de 2011

CARNAVAL 2011 na MEALHADA A FOLIA CONTINUA!...





Já sabem se querem divertirem-se à grande, comer um belo Leitão e beber um bom vinho, então tem a Mealhada com estes ingredientes.
E bom Carnaval!...

quinta-feira, 3 de março de 2011

UM DUPLO ERRO


No mercado de trabalho, a relação de poder pende favoravelmente para as entidades empregadoras. Se não fosse por outras razões, o simples facto de haver mais procura do que oferta de empregos chegaria para compreender o que se passa. A isto junta-se uma realidade económica e social que penaliza fortemente o desemprego. O desempregado sofre um estigma social enorme, perde poder de compra e vê piorar, com o passar do tempo, as probabilidades de conseguir outro emprego.

Muito embora a retórica demagógica de direita equipare o desemprego subsidiado à preguiça, a verdade é que a maior parte das pessoas nessa situação preferiria encontrar um emprego decente e dignamente remunerado a passar os seus dias a olhar para as paredes do quarto. Como quanto mais tempo se passa desempregado mais baixa é a probabilidade de se ultrapassar essa situação, com o passar dos meses - por vezes, com o passar dos anos -, o desespero e a desmotivação aumentam exponencialmente. O subsídio de desemprego pode durar, no máximo, sensivelmente três anos, mas um crédito automóvel chega facilmente aos cinco ou seis anos e um crédito habitação pode ir até aos quarenta anos. A prazo, a verdade é que as necessidades financeiras pressionam qualquer desempregado.

Há uma razão social e moral para existirem protecções como o subsídio de desemprego, o rendimento social de inserção, o salário mínimo e as cargas horárias máximas de trabalho. Sem este tipo de bases mínimas, as pressões sobre todos os que procuram emprego conduziriam a uma espiral descendente da oferta de condições pelos empregadores. Medidas como estas destinam-se a introduzir patamares de justiça e dignidade abaixo dos quais a sociedade não reconhece legitimidade moral às condições de vida proporcionadas aos seus membros.

A liderança de Pedro Passos Coelho escolheu, simbólica e sintomaticamente, começar por atacar os mais fracos. Por uma questão de justiça e de modelo social e cultural, nunca deveria ganhar a oportunidade de implementar as violentas medidas que preconiza. Neste momento, com 10% de taxa de desemprego e com muitos mais portugueses que não sabem o dia de amanhã, são pelo menos 500.000 eleitores com boas razões para não votarem PSD. O tiro de partida de Passos Coelho revela, afinal, não ser mais do que um erro social e político.