quarta-feira, 14 de julho de 2010

TRAGAM O PAUL


Agora que o polvo Paul entrou em regime de pré-reforma deixando de fazer falta a uma Alemanha onde a regra é a previsibilidade dava jeito trazerem o famoso molusco para Portugal. Não porque cá faltem polvos dos mais variados tipos, desde os que são apanhados em Tavira aos que costumam rondar a redacção do Sol com cópias de processos judiciais manhosos, mas porque apesar da fama de serem animais inteligentes os nossos até agora só demonstraram aptidões culinárias.
Vejam o caso do Banco de Portugal, os governadores e vice-governadores ganham pensões vitalícias, os funcionários têm um estatuto acima da média e ainda ganham subsídios para os livros de econometria, mas o resultado é sempre o mesmo, as previsões de Verão corrigem as da Primavera, a do Inverno Corrigem as do Verão e as da Primavera corrigem as do Inverno, não me recordo de terem acertado uma.
Com o Orçamento de Estado passa-se a mesma coisa, ainda no ano passado o ministro não acertou numa previsão, de Setembro a Dezembro fez três previsões para o défice e falhou sistematicamente. O ministro das Finanças garantiu que o Dr. Macedo ficaria na DGCI e falhou, previu o défice orçamental e falhou, previu o buraco financeiro do BPN e falhou, até parece o famoso periquito de Singapura que nos últimos dias do Mundial apareceu a fazer previsões para a final.
O Paul até poderia dar um excelente comentador televisivo onde muitos andam a prever a morte política de José Sócrates há vários anos e desde então já vi desaparecer muito boa gente, a começar pela família Moniz. Do jornalismo poderia passar para a magistratura o que num país onde os magistrados gostam de ser jornalistas e os jornalistas gostam de se juízes não seria de estranhar, poderia ajudar o país a adivinhar quem recebeu dinheiro no caso Freeport, ajudando os contribuintes a deixarem de andar a alimentar magistrados a pão-de-ló.
Se ainda sobrassem umas horas vagas ao Paul poderia ser enviado para Belém e metido num aquário que poderia decorar o gabinete presidencial, entre as fotografias do netinho e a tradicional fotografia do papa. Assim, sempre que o Presidente telefonasse a alguém poderia perguntar ao Paul se o telefone estava sob escuta, até poderia poupar em anti-vírus, o Paul informaria o Presidente se a rede informática estava ou não segura sempre que pretendesse mandar um e-mail.
Num país onde ninguém acredita nas previsões do Banco de Portugal, onde não podemos levar a sério os assessores presidenciais, onde as previsões do défice orçamental suscitam tantas queixas como as que há tempos faziam os responsáveis açorianos em relação às previsões meteorológicas, onde já ninguém vai à santa da Ladeira, quem poderá pôr alguma ordem nas nossas previsões é o polvo Paul.
Tragam-no e se falhar nas previsões fazemos-lhe o que não podemos fazer ao governador do Banco de Portugal ou ao ministro das Finanças porque aumentariam o colesterol ao mesmo ritmo que aumentam os impostos, cozemos o bicho e fazemos uma salada de polvo.

1 comentário:

Anónimo disse...

ler todo o blog, muito bom