No Diário Correio da Manhã de hoje, um tal Manuel Catarino assina mais uma diatribe contra a deputada Inês Medeiros, tudo indicando que a polémica à volta das suas viagens está para lavar e durar. Daí o sentir-me tentado a retomar o assunto para me interrogar sobre a motivação de tantos opinantes sobre o tema. Estaremos perante um caso de populismo, de mesquinhez, ou tais posições serão antes reflexo dum fraco conceito de democracia ? Acabo por optar por esta alternativa, atendendo a que já vi defensores da ideia de que deveria ser o PS a pagar os custos da viagens da deputada, porque lhe cabe a responsabilidade de a ter escolhido. De facto, pergunto, se um partido não pode livremente escolher quem o represente, que raio de democracia é esta?
Mas, dir-se-á: as viagens são caras. Pois são. Só que um tal argumento só se compreende do ponto de vista de quem tem um conceito de democracia do género "faz de conta". Para uma democracia assim, o "quanto mais barato, tanto melhor" faz, na verdade, todo o sentido. Doutro modo, não. Só que, assim sendo, justificar-se-ia também que quem questiona os custos das viagens da deputada já se tivesse lembrado de propor como condição de elegibilidade para a Assembleia da República que os candidatos tenham residência nas proximidades de S.Bento, de forma a possibilitar as deslocações a pé. Realmente, ainda não se lembraram ? Aqui fica a sugestão.
Já agora, além da sugestão, uma pergunta:
Se o apreço que tanta gente manifesta pelo órgão de soberania que dá pelo nome de Assembleia da República (formado exclusivamente por deputados eleitos) é assim tão escasso, ao ponto de se questionarem os custos das viagens duma deputada, por que não questionar, por idêntico motivo, as viagens do Presidente da República e das respectivas comitivas? Sirva de exemplo a realizada recentemente a Praga, viagem que, à primeira vista, para pouco mais serviu do que para o PR ouvir, de bico calado, da boca do seu homólogo checo, uns tantos enxovalhos, dando provas de que, pelo menos na República Checa, a boa educação e arte de bem receber convidados não constituem requisitos de elegibilidade para a Presidência da República.
Estou só a perguntar. Resposta não é precisa.
Francisco Clamote
1 comentário:
Faz todo o sentido, pois.
A Inês Medeiros está "in".
E o Egídio tb pretende estar "in", por isso apoia a Inês Medeiros. Só por isso. Não é, sequer, porque a Inês Medeiros é sexy, ou porque é bonita.
Não.
É porque é "in" estar "in". Pronto.
O que é que se há-de fazer?
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