segunda-feira, 19 de abril de 2010

DUAS ALTERNATIVAS




Portugal tem duas alternativas para enfrentar o problema do desequilíbrio das contas públicas que estão a gerar défices elevados e ao acumular da dívida pública, ou enfrenta e resolve o problema ou adia na esperança de que o fim da crise económica facilite as soluções. Há uma terceira solução que consiste em fazer de conta que há soluções intermédia ou, o que é pior, fazer o discurso do PCP e do BE e fazer de conta de que não existem problemas.

Se Portugal adoptar as medidas que assegurem a correcção dos desequilíbrios a curto prazo isso dará argumentos aos grupos corporativos e às organizações sindicais para desencadear protestos envolvendo os funcionários públicos e trabalhadores das empresas do Estado, tais medidas geram descontentamento e têm consequências sociais. Isso passaria por eliminar despesas públicas, reduzir apoios sociais e acabar com parte do borlismo estatal que tem sido promovido nas últimas décadas, a redução da dívida implica que o Estado se desfaça de uma parte das empresas públicas ou de participações em empresas privadas.


O modelo de gestão do Estado seguido nas últimas duas décadas está esgotado, o país não consegue gerir riqueza para manter um Estado gerido segundo bons princípios e para agradar aos eleitores, não pode fazer expandir a despesa pública permanentemente, umas vezes com argumentando que tal é sustentado pelo crescimento económico, outras garantindo que é necessário para retomar o crescimento económico. Pior ainda, o país não pode continuar a gastar os seus recursos sem critérios orientando-os para as despesas que geram mais votos.


A ilusão de que a crise passará e tudo se resolverá é falsa e muito arriscada, quando a economia mundial crescer Portugal perderá a oportunidade de a acompanhar, quando os outros crescerem os portugueses terão de fazer as correcções que não fizeram a devido tempo. Mas nada nos garante de que a superação da crise mundial está para breve e fenómenos inesperados, como agora sucedeu com a erupção de um vulcão na Islândia, podem resultar no adiamento da superação da crise. Os portugueses correm um sério risco de terem de fazer os sacrifícios que agora recusam.


Adoptar agora as medidas que garantam a redução do défice e da dívida pública aumentaria a confiança dos mercados na economia portuguesa como, ainda mais importante do que isso, aumentaria a confiança dos investidores portugueses e estrangeiros na política económica portuguesa. A recessão combate-se com confiança e é essa confiança que estimula o investimento.


Se os políticos não perceberem que é necessário encontrar verdadeiras soluções parra grandes problemas e os trabalhadores não perceberem que o Estado está à beira de soçobrar perante a crise económica mundial poderão ter que vir a suportar maiores sacrifícios do que os que agora rejeitam. De nada serve um grande Estado sem dinheiro ou grandes direitos laborais sem emprego.


Jumento

2 comentários:

Anónimo disse...

Estás a ter um rebate de consciência, Egídio?
Só espero que vás a tempo...
http://www.jornaldenegocios.pt/index.php?template=SHOWNEWS_OPINION&id=420607
Ele é Simon Johnson, ex-chief economist do FMI; ele é Nouriel Roubini, professor de Economia; ele são publicações de peso, como o The New York Times e o Financial Times Todos eles, uns de forma mais violenta que outros, têm encostado as nossas...

Ele é Simon Johnson, ex-chief economist do FMI; ele é Nouriel Roubini, professor de Economia; ele são publicações de peso, como o The New York Times e o Financial Times… Todos eles, uns de forma mais violenta que outros, têm encostado as nossas finanças públicas às da Grécia.

O assunto ganhou peso na semana passada, quando Johnson, numa prosa que só pecou por considerar Portugal em pior situação que a Argentina (quando foi à falência), disse que somos os próximos no radar dos mercados. Afirmação que o ministro das Finanças associou a "ignorância". Ontem Johnson voltou à carga e disse temer que o Governo esteja "em negação".

Qualquer observador isento sabe que existem diferenças significativas entre as duas economias. O problema é que os mercados não as vêm (ou não querem ver). E isso é que conta. É por isso que Portugal não ganha nada em insultar os mercados e os seus protagonistas. Tem de se ater a factos. E os factos mostram que os mercados acham que somos "os próximos". É injusto? É. "But life is tough".

Se Teixeira dos Santos quer ajudar o País, tem de agir como o treinador que sabe que o árbitro vai pender para o team mais forte. Sabendo desse "fraquinho" arma a equipa para marcar mais golos, compensando qualquer penalty "malandro"... No caso das finanças públicas isso significa reduzir despesa corrente à séria. Enquanto temos tempo. Para evitar que uma revisão do PEC (inevitável), seja vista como ditada pelos mercados. Se o fizermos já saímos dos radares, como os irlandeses. Se persistirmos no insulto, ainda acabamos na humilhação grega.
camilolourenco@gmail.com

Anónimo disse...

http://www.jornaldenegocios.pt/index.php?template=FIX_COMENTARIOS&id=420603&idCom=4
E não é que a "velha" tinha razão...
...Afinal a Manuela Ferreira Leite tinha razão no que andou a dizer durante estes 2 anos...nós é que demos ouvidos ao mentiroso...a culpa não é dos governantes, é dos Portugueses que deram ouvidos aos mentirosos...vamos pagar por isso...