terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

MEALHADA: NO SEU MELHOR; A CUNHA...


Talvez não saibam, mas sou muito invejoso. Inconformado com o sucesso dos Deolinda, resolvi escrever a uma canção que seja o hino de uma geração que, depois de muito lutar pela Democracia, chegou aos 50 anos e percebeu que tinha sido enganada. Ladies and gentlemen, os DEMOlinda em "Que parvo que eu fui" - o hino da geração dos desempregados aos 50 anos. Em RAP!


Sou da geração
"Usa e deita fora"
Trabalhei a vida inteira
Aos 50 anos deram-me um pontapé no cú
Mandaram-me embora.
E não me incomoda esta
Situação
Que parvo que eu sou

Fiquei sem emprego
Sem direito à reforma
Deram-me a esmola
De um subsídio
Ao fim de dois anos
Sem eira nem beira
Fui para o presídio
Pagar as culpas
Dos responsáveis
Desta bandalheira.
E não me incomoda esta
Situação
Que parvo que eu sou

Prometeram-me a reforma
Aos sessenta
Mandaram-me trabalhar
Até aos setenta
Reaji ordeiro
Mesmo sem receber a reforma
Por inteiro
Que parvo que eu sou

Isto está mal e vai
Continuar
De nada me valeu em jovem
Lutar
Já é uma sorte eu poder
Trabalhar
Até que a morte me venha
Libertar
Que parvo que eu sou

E fico a pensar
Que mundo tão parvo
Onde ser escravo
É de louvar

Sou da geração que lutou pela
Liberdade
E chegou à velhice a pedir
Caridade
Que parvo que eu fui

Sou da geração
Que só ia estudar
Quando o papá
Podia pagar.
Saía de casa,
Ainda bem cedo,
Para viver a vida
Na luta, sem medo

Quem não estudava
Bem protestava,
Mas vinha a PIDE,
Logo o acalmava

Se nada tivesse
Bem protestava
Por um futuro dourado
Para quem a seguir viesse
Que parvo que eu fui

Lutei pela vida
Fiquei sem emprego
A reforma era bera
Fiquei à espera
De a ver melhorar
Acabei num Lar
A viver no degredo
Os filhos à espera
De me ver patinar
Que parvo que eu fui

Sou da geração
Já não me queixo
Quero morrer
Dentro dos eixos


Bem pior do que hoje
Outros dias vivi
Estou-me nas tintas
Para o FMI
Que parvo que fui
E ainda sou

Sou da geração
“eu quero mais”
Uma situação que dura
Há tempo demais
De mim ninguém espera
Que dê algo ao País
Só querem que eu morra
Sem direito à reforma
Sem ser estorvo
Para quem cá mora
Que parvo que eu fui

Vou ao Banco
Levantar as poupanças
Olham para mim
Com desconfiança

Andei a trabalhar
Para a alta finança
O que eu poupei
Foi para lhes encher
A pança
Que parvo que fui

E fico a pensar
Que bela democracia
Que fez de mim parvo
Tornou-me um escravo
Da demagogia.

Que parvo que eu fui

Carlos Barbosa Oliveira

PS: Concursos de admissão na câmara: Foi só família e conhecidos Arquivo: Gisela, Biblioteca: Susana, prima da madame e, Etc. para não maçar mais...

Depois desta vergonha muitos tem de estar no desemprego.


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