Há pessoas como casas inacabadas
Promessas fracassadas de grandeza
Aquém do zénite da sua beleza
A esquelética estrutura condenadas.
Vemos amiúde tais testemunhas silenciosas
Cheias de discrição e firmemente ociosas
Que antes de digna existência
Já estão decrepitas e em demência.
Não chegam a ser náufragos
Falta-lhes viagem, solenidade inaugural,
Comité festivo e respectivo ritual.
Abortos quixotescos
Testemunhos de imperfeição
Com trémula majestade
Mas repletos de desilusão.
Sem veludo, cetim ou lantejoula
Construções lacunares, ásperas e nuas
Parecem murmurar por esmola.
Assombrações com corpos corroídos
De palavras mudas e desejos traídos.
Titãs de potencial asfixiado
Falam como quem pede desculpa,
Por estarem à míngua do projectado.
Anjo Canhoto
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