quinta-feira, 10 de março de 2011

O PROVINCIANO FASCISTA...


O PRESIDENTE DA JUVENTUDE:

A polícia de choque do ministro Dias Loureiro em cima de tudo o que mexesse ou cheirasse a protesto, jovens e estudantes incluídos; os incentivos à não produção e ao abate na agricultura e nas pescas, disfarçados de fundos comunitários; 10 anos de Governo, 8 dos quais em maioria absoluta, ignorando tudo o que fosse opinião diferente e desprezando todo e qualquer tipo de consenso, e que foram o princípio do fim a que chegámos; o nascimento e apadrinhamento de toda uma classe de políticos, primeiro, e banqueiros depois, que tiveram o epílogo no BPP e no BPN. Cavaco Silva é a última pessoa com legitimidade neste país para lançar vibrantes apelos aos jovens e para falar em sobressaltos cívicos e em situação de emergência económica e financeira. Não apaguem a memória.

O DISCURSO ANARQUISTA:

O tosco que foi eleito por 23% dos eleitores para exercer o cargo de PR, fez um discurso de tomada de posse como se estivesse a fazer um discurso de campanha para primeiro ministro.

Portugal tem problemas graves e tem de resolve-los. É verdade.
Mas também não deixa de ser verdade que muitos desses problemas são antigos. Do tempo em que o próprio Cavaco era Primeiro Ministro e que também ele não conseguiu ou não quis resolve-los, apesar dos rios de dinheiro que na altura chegavam da Europa.
Nunca, em 30 anos de regime democrático o país teve um superavit. E só muito raramente conseguimos baixar o peso do nosso endividamento externo.

O compadrio na política deve merecer o repúdio de todos os cidadãos, porque retira oportunidades a muitos para dar a uns poucos, mas não será o Compadre de Oliveira e Costa, Dias Loureiro, Cardoso e Cunha, Ferreira do Amaral, João de Deus Pinheiro entre muitos outros que virá dar lições a quem quer que seja.
Além disso, no seu partido, nas regiões e nas autarquias, o compadrio não está propriamente em extinção.

Ao ignorar o impacto da crise internacional no estado de dificuldade em que estamos actualmente, o professor de economia mostrou que tem vistas curtas e que não tem capacidade de interpretar o mundo em que vivemos.
Muitos outros países da UE estão neste momento a partilhar as dores das dificuldades orçamentais. Grécia, Irlanda, Espanha, Itália, Reino Unido, Bélgica, entre outros, estão também com dificuldades de crescimento e com dificuldades de conter os seus défices.
Ver esse problema com algo de exclusivo de Portugal e que tem de ser exclusivamente resolvido por nós é colocar em cima dos ombros do governo mais um peso, em vez de, como lhe competia, ser institucionalmente solidário na explicação aos portugueses da necessidade de sacrifícios.

Várias forças partidárias expressaram públicos votos no sentido de que o segundo mandato presidencial de Cavaco Silva decorra sem sobressaltos, ou melhor, seja um prolongamento do anterior. Todavia, estas declarações denunciam a convicção [dessas forças políticas] de que não será assim. Nunca vivemos, no Portugal pós-Abril, um segundo mandato presidencial como uma simples replicação do primeiro. E não só porque a habitual recandidatura dos presidentes condiciona o exercício presidencial [no 1º. mandato]. Na verdade, o protagonismo presidencial perante o desempenho do Executivo, num segundo mandato, tende a acentuar-se, por uma dinâmica política própria. A reiterada confiança expressa pelo eleitorado, ao conferir o 2º. mandato, transmite ao titular do cargo a sensação do reforço e alargamento do campo de manobra político e, ao País, um sentimento de estabilidade. Temos vários exemplos disso, ditados por circunstâncias diferentes, na nossa História recente. E, no presente caso, foram sendo lançados ao País sinais que isso poderia acontecer. Passamos de uma "cooperação estratégica" [anunciada perante um Governo com maioria absoluta] ao anúncio de uma “magistratura activa” [num Governo de maioria relativa].

O discurso de posse do Presidente da República [link], não transmitiu a concreta ideia do que será essa “magistratura activa”.

De facto, Cavaco Silva, de manhã, visitou o navio-escola Sagres e, na sessão solene da AR, navegou do crucial ao conjuntural, aportando - aqui e acolá - em questões essenciais e outras marginais.

Crucial, foi a resenha sobre a evolução dos indicadores económico-sociais dos últimos 10 anos (as taxas de crescimento da economia e do rendimento nacional bruto, a deterioração do saldo da balança de rendimentos, a recessão da taxa de poupança, o desemprego e o risco de pobreza e exclusão social, etc.);

Essencial, terá sido o apelo à participação cívica (“despertar os Portugueses para a necessidade de uma sociedade civil forte, dinâmica e, sobretudo, mais autónoma perante os poderes públicos…”), o reconhecimento público de clivagens socais determinadas por desigualdades e pela pobreza, à humanização das políticas (“A pessoa humana tem de estar no centro da acção política…”), etc. ;

Balançando entre marginal e o circunstancial, foram as explanações, com claro posicionamento doutrinário (que obviamente dividem os portugueses) relativas ao investimento público, à educação, à família, etc., em que, pondo de lado a coesão nacional, confrontou concepções ideológicas da Esquerda (latu sensu) e, sem surpreender, feriu, com especial acutilância, o Governo. (Para quem seguiu em directo o discurso estas foram as passagens entusiasticamente aplaudidas pelas bancadas parlamentares do CDS/PP e PSD).

Finalmente, registo uma questão enigmática porque tratada superficialmente, talvez, levianamente. Foi patente, no discurso, um inusitado tom panfletário de estímulo à participação dos jovens na política:
“Façam ouvir a vossa voz. Este é o vosso tempo. Mostrem a todos que é possível viver num País mais justo e mais desenvolvido, com uma cultura cívica e política mais sadia, mais limpa, mais digna. Mostrem às outras gerações que não se acomodam nem se resignam.”
Estas questões como todos sabemos (incluindo os jovens para quem a mensagem foi dirigida) são mais profundas. Ultrapassam a vontade, a capacidade e a necessidade de participação na vida pública e não se dirimem pelo estímulo aos confrontos geracionais.
Muitos portugueses terão ficado na dúvida se este incitamento (oratório) se dirigia à anunciada manifestação da “Geração à Rasca”, marcada para o próximo sábado…[link]

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