terça-feira, 23 de novembro de 2010

COMBATER A EPIDEMIA!...


Manual Prático de Prevenção do Novo Vírus da Dívida Soberana (edição especial para Governos de países endividados do Sul da Europa, revista e adaptada ao caso português):

Principais Sintomas:
  • Juros da dívida com temperatura superior a 7%;

  • Dificuldades de financiamento

  • Orçamentos restritivos;

  • Recessão

  • Irritação social podendo, em certos casos, ocorrer Greve Geral;

  • Ministros com pensamento desconexo e sinais evidentes de desorientação.

Medidas e Orientações para elaboração de Planos de Contingência:

  • Lavar frequentemente as mãos. A crise? Eh pá, não fomos nós. Não temos culpa nenhuma disso! Invocar sempre um brilhante track record de saneamento das contas públicas. Não esquecer de mandar um Postal de Boas-Festas ao Constâncio. Escovar também as unhas!

  • Tossir e espirrar para cima de toda a gente. Responsabilizar sempre terceiros pela má governação. A eficácia será maior se forem identificados vários responsáveis alternativos: a Oposição, os Mercados, a Situação Internacional, o Aquecimento Global, o Ruca e a Barbie, o Míldio da Videira, o Nemátodo do Pinheiro ... Está na hora de apelar à criatividade.

  • Manter distância de países infectados. Salientar a enorme diferença que existe entre a nossa situação e a de outros países que já foram contaminados. Semelhantes à Irlanda, nós? Por amor de Deus! Os irlandeses são todos ruivos, senhores. Assobiar para o ar na presença de um Grego. Mudar de passeio perante a aproximação de um Espanhol.

  • Utilizar máscara de protecção. O vírus da dívida soberana transmite-se sobretudo pelos olhos. A máscara deve impedir por completo que se veja a realidade. Isso mesmo: convém não ver nadinha. É um bocadinho desconfortável, não é? A nossa saúde está primeiro!

  • Evitar alarmismo na sociedade. Não se pode estar sempre a falar na crise da dívida, que diabo. Ò Amado... outra cimeirazinha da Nato em Dezembro é que era. Vê lá se consegues, pá. Isso mesmo. Diz ao Obama que já chegaram os blindados.

  • No caso de ocorrerem sintomas, jamais contactar a linha FMI 24. É que nem pensar! Eram bem capazes de dar baixa ao Governo e a malta quer é trabalhinho. Em geral, recusar qualquer tipo de ajuda. Nós cá nos vamos governando.

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